26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Renan e Flávio Bolsonaro batem boca e CPI da Pandemia perde o foco em dia de derrota

Filho 01 do presidente compareceu ao depoimento de Wilson Witzel (que usou de habeas corpus para sair mais cedo) e o relator realizou perguntas envolvendo Queiroz e milicianos bolsonaristas

O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, depõe nesta quarta (16) na CPI da Pandemia, apesar do ministro do STF, Kássio Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, o livrar da obrigação de comparecer.

A ida do governador, eleito na onda bolsonarista, aparentemente não era de interesse do presidente ou da tropa de choque do governo. Até mesmo o filho 01, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que não faz parte da comissão, compareceu para marcar presença. Ele já havia feito o mesmo nas idas dos aliados Ernesto Araújo e Fábio Wanjgarten.

Entretanto, desta vez, a ida de Flávio não foi para defesa, mas sim para o ataque. E o relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), mordeu a isca. Apesar dos pedidos de calma para que declarações acimas do tom fossem relevadas, Renan partiu pra o ataque contra Flávio Bolsonaro.

O clima, nada amistoso, também contribuiu para a decisão de Witzel, que usou de seu direito do habeas corpus, garantido por Kássio Nunes e pediu para sair. Durante questionamentos do senador Girão.

E a CPI perdeu.

Wilson Witzel e Flávio Bolsonaro já haviam trocado acusações de forma direta ou indireta (“Conheço o senador desde que ele era garoto. Conheço seu pai, conheço sua mãe”, disse o ex-governador), até o momento em que Renan Calheiros insistiu em propor um interrogatório reservado, por causa da presença de “algumas pessoas”.

Flávio Bolsonaro, que tumultuou a todo momento, ganhou o direito de falar, pois passou a ser mencionado diretamente. Entre as perguntas que Renan deveria fazer a Witzel referentes à pandemia e desvios de recurso no Estado, Calheiros disse: “Por qual razão o senhor disse que o senador Flávio Bolsonaro deveria estar preso?”

Imediatamente, o 01 interrompeu e questionou para o presidente da CPI, o senador Omar Azis (PSD-AM), o que tinha a ver aquelas perguntas. “Usando de palanque para atacar um senador! Não dá pra ficar ouvindo calado”, rebateu Bolsonaro, que evocou o direito da palavra por ter sido citado.

Nem mesmo Witzel respondeu, já que o assunto não era relacionado. Como relator, Renan Calheiros pode fazer a pergunta que quiser, mas ao mencionar por nome Flávio Bolsonaro e fazer tantas perguntas envolvendo Queiroz e questões de milícia, ele perdeu o rumo. E abriu espaço para o 01:

“Esse conchavo com uma pessoa que reponde a 17 processos no STF cujo filho responde a processo. Esse conchavo desta pessoa com outra que é suspeita de desviar 700 milhões de reais da saúde do Rio de Janeiro, isso não é corrupção, é assassinato e tem sim as mãos sujas de sangue”. Flávio Bolsonaro.

E como vem aconteceu, sobrou até para o filho do relator, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB-AL).

Contra agentes da desinformação, a pior coisa a se fazer é dar poder de voz para eles. E Renan perdeu o foco. E neste dia, a CPI da Pandemia nunca chegou tão perto de um dia de pizza.