26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Sargento acusado de matar irmãos com deficiência é condenado a 53 anos de prisão

Vitimas não carregavam mochilas ou bolsas e que na primeira abordagem já teriam sido agredidos

Após mais de 12 horas de julgamento, o sargento PM Johnerson Simões Marcelino foi condenado a 53 anos e um mês de reclusão, em regime fechado, pelos assassinatos dos irmãos Josenildo e Josivaldo Ferreira Aleixo, os jovens portadores de deficiência intelectual, crime ocorrido em 2016, no Conjunto Village Campestre, em Maceió.

À época, o sargento ocupava o patente de cabo. Além disso, o réu teve um valor estipulado de, pelo menos, R$ 80 mil, para indenizar, por compensação pela morte do esposo,  a viúva do pedreiro Reinaldo, também morto. O júri foi presidido pelo juiz Guilherme Bubolz Bohm.

Em toda o julgamento, a acusação foi precisa, desbancando depoimentos e levando as testemunhas da defesa a entrarem em contradição. Um dos pontos mais tocados foi o referente à bolsa e as armas que, segundo o réu, estariam com as vitimas.

Todas as testemunhas de acusação asseveraram que os irmãos, na hora da abordagem, não carregavam nenhum objeto. Johnerson Simões também foi acusado do cometimento de fraude processual.

Testemunhas de acusação

A mãe dos jovens assassinados, Maria de Fátima, entrou ao recinto e provocou comoção com o seu jeito simples e a forma de amor com a qual descrevia seus filhos especiais.

O irmão dela, Cláudio Silva, chorou durante o depoimento e lembrando a inocência dos sobrinhos.

O motoboy afirmou várias vezes que as vitimas não carregavam mochilas ou bolsas e que na primeira abordagem já teriam sido agredidos. Ele também foi atingido com um tiro no joelho e disse ter ficado com receio de morrer.

“Os meninos iam ao ponto de ônibus e quando a viatura chegou já foi batendo neles. E eu afirmo que não estavam com bolsa, com nada. O meu amigo, o pedreiro, assim que foi baleado, correu na minha direção, abriu os braços e disse: negão fui atingido, pega tua moto pra me socorrer e já caiu morto., e eu fui ferido no joelho”, enfatizou.

Defesa

A defesa tentou a todo custo manter a versão de que os jovens eram periculosos e que foram atingidos numa reação por resistência.

Nos depoimentos dos policiais, e também da funcionária do Hospital Geral do Estado (HGE), houve contradição.

“A funcionária disse que recebeu as vítimas por volta das 19h, quando o GPS mostra a chegada da viatura à unidade após as 20h E muitos pontos ficaram obscuros nos depoimentos da guarnição, então estávamos realmente diante de falsos testemunhos, de algo arquitetado, mas prevaleceram o bom senso, a verdade e a justiça”, ressalta a promotora Adilza Freitas.