26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Um ministério para cuidar da causa indígena, promete Lula

Ex presidente diz que um índio deverá assumir o ministério

Lula: valorização dos povos indígenas será meta de governo, se ganhar a eleição

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que irá criar um ministério para assuntos indígenas se voltar ao poder em 2023, ao discursar durante um encontro emblemático de povos originários em Brasília.

Lula é o favorito para as eleições de outubro, nas quais, segundo pesquisas, enfrentará o presidente Jair Bolsonaro no segundo turno. Embora a campanha só comece oficialmente em agosto, o ex-presidente de esquerda (2003-2010) tem adotado cada vez mais um tom eleitoral em suas aparições públicas.

‘Se a gente criou o ministério da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos, da Pesca, por que a gente não pode criar um ministério para discutir as questões indígenas’, indagou Lula no Acampamento Terra Livre, evento anual que reivindica os direitos indígenas.

“Preparem-se, porque alguém vai ter que assumir um ministério indígena, não vai ser um branco como eu, terá que ser um índio ou uma índia”, acrescentou Lula, que usava um colar de contas coloridas com a imagem de uma arara, sob aplausos.

Antes de discursar, o ex-presidente recebeu presentes, foi abençoado em rituais com cantos sagrados e cachimbos e ouviu o Hino Nacional sendo interpretado na língua do povo Tikuna, do estado do Amazonas.

As políticas voltadas para os povos indígenas são de responsabilidade da Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão governamental criado em 1967. Mas as organizações indígenas denunciam que, sob o governo Bolsonaro, a fundação atua contra o interesse desses povos.

Se voltar ao poder, Lula disse que “é preciso criar um dia do ‘revogaço’. E tudo que for decreto criando empecilho aos direitos indígenas terá que ser revogado imediatamente. Ninguém vai fazer coisa em terra indígena sem que haja a concessão, decisão e concordância de vocês”, prometeu.

“Estou disposto a voltar a governar este país 12 anos depois que deixei a presidência. Voltarei mais sábio, mais calmo e com mais experiência”, assinalou o o ex-presidente, 76.

Bolsonaro, no poder desde 2019, defende a exploração econômica das reservas indígenas, que apresenta como um obstáculo para o desenvolvimento.

Lula também citou um relatório da Hutukara Associação Yanomami (HAY) divulgado na véspera, que relata um aumento de 46% no ano passado na área de extração ilegal de ouro e abusos flagrantes de garimpeiros no território yanomami, maior reserva indígena do país. “Não é possível as denúncias que a gente tem ouvido todo dia de que homens e mulheres yanomami estão sendo violentados, crianças estão sendo violentadas, mulheres estão sendo estupradas”, condenou.