26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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A sociedade e seus estereótipos de “homens de bem”, como Dr. Jairinho, o matador de criança

O marginal foi reconhecido quando torturava uma equipe do jornal O Dia, em 2008, numa favela da zona oeste

Dr. Jairinho, um bandido infame no conceito de “homem de bem”, temente a Deus.

A investigação do caso Henri Borel – a criança assassinada pelo padrasto no Rio de Janeiro – vai demonstrando com provas cabais, que o “homem de bem, miliciano, defensor da família, Dr. Jairinho” é na verdade um crápula da pior espécie.

Político, conservador, mas totalmente vinculado ao crime, assim como o pai,  coronel PM Jairo Santos, comandante de uma milícia, que já havia sido preso por corrupção, entre outros crimes.

Assassinar uma criança de 4 anos de idade, após sequências de torturas e espancamentos é de uma monstruosidade infame. Depois de tudo, o cinismo de dizer ao pai do menino para “virar a página”. -Faz outro filho! -Disse o monstro.

As mensagens encontradas no celular de Monique Medeiros, a mãe de Henry, mostram a situação de desespero da criança e a omissão dela, em relação ao marido assassino e torturador.

A polícia recuperou no celular de Monique a seguinte mensagem dela para uma amiga pediatra. Veja o horror:

 

Essa besta fera chamada Jairinho, homem das altas rodas da sociedade carioca, político há 26 anos, chancelado pelas milícias, se elegeu vereador, pela quinta vez consecutiva. Nesta última legislatura, anunciou-se como um “bolsonarista raiz”.

Daqueles de ir para às redes sociais e berrar: “Deus acima tudo”, “pela família e pela propriedade”.

Pois bem. Este senhor comete crimes não é de agora. E segundo as investigações, sempre foi chegado a sessões de tortura.

Consta em inquérito policial de 2008, que ele participou de uma sessão de tortura de uma equipe do jornal “O Dia”, diário mais popular do Rio de Janeiro,  na Favela do Batan, por um grupo de milicianos. A equipe cumpria pautas sobre o cotidiano dos moradores do lugar.

Dr. Jairinho foi reconhecido por uma repórter. De acordo com depoimento do fotógrafo Nilton Claudino, Dr. Jairinho também reconheceu a jornalista: “Me batia muito, perguntava o que eu tinha ido fazer na Zona Oeste”, narrou Claudino em um texto escrito para a “Revista Piauí”.

Já eleito vereador, Dr. Jairinho não foi sequer investigado à época, apesar da instauração de um inquérito policial. A polícia abafou o caso em nome do pai de Jairinho, o coronel líder dos milicianos, matadores e torturadores de moradores das favelas.

“Na sessão de tortura, enquanto me batia, ele questionava se eu não amava meus filhos”, lembrou o fotógrafo, Claudino.

Já disse aqui e vou repetir. O bandido Jairinho não é um caso isolado na sociedade brasileira. Ele é igual a muitos que não respeitam direitos humanos, aterrorizam os semelhantes, torturam e matam. Depois posam para a fotografia de camiseta com a estampa: Deus é fiel.

São estereótipos cultuados por uma sociedade desnorteada, entregue às idiossincrasias que a cerca. É uma sociedade amplamente representada por essaHenrys espécies dessa natureza vil.

Não se engane: Eles são muitos. E nesse momento da vida política nacional, eles são milhares de Jairinhos.