26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Mundo

Biden para apoiadores: agora é colocar a raiva de lado e unir a Nação

A divisão foi sempre uma marca estimulada pelo governo de Donald Trump

Biden diz a todos que agora é preciso unir a Nação americana que foi dividida por Trump

Enquanto Donald Trump se recusa a aceitar a derrota nas eleições dos Estados Unidos, o presidente eleito Joe Biden divulgou  uma nota na qual repetiu o cerne de sua campanha: a promessa de que os próximos quatro anos serão uma era de união depois de um período em que a divisão foi estimulada pelo responsável pela Casa Branca.

“Com o fim da campanha, é tempo de colocar a raiva e a retórica dura para trás e nos unirmos como uma nação”, escreveu Biden em pronunciamento divulgado por sua campanha.

Com a vitória na Pensilvânia, a campanha do democrata conseguiu recuperar o chamado Cinturão da Ferrugem, antes conhecido como a “muralha azul” de força dos democratas no Meio-Oeste. A região é emblemática, pois fez de Trump presidente em 2016, mas devolveu a Casa Branca aos democratas quatro anos depois. Biden também abriu espaços no Cinturão do Sol, tipicamente republicano, na Geórgia e Arizona.

Para o cenário eleitoral confuso contribuiu a pandemia global, que matou mais de 235 mil americanos, uma grave crise econômica e protestos contra o racismo e a violência policial. Esses fatores, associados à polarização política, levaram ao mais alto comparecimento às urnas em mais de um século. Uma votação superlativa, que transformou Biden no 46º presidente americano.

Maior votação da história

O democrata Joe Biden se tornou o presidente eleito com mais votos na história americana – superando o recorde de 69,5 milhões de votos de Barack Obama, em 2008. Ontem, Biden chegou à marca de 74,5 milhões de votos com cerca de 90% da apuração nacional concluída – o que abre espaço para que ele tenha uma votação ainda maior.

Como o comparecimento este ano foi alto, Biden está perto de alcançar outra marca histórica: a maior quantidade de votos por parcela da população. Em 1984, o republicano Ronald Reagan foi reeleito com 53% dos votos em uma eleição com 58,8% de comparecimento, sendo votado por 31,3% da população dos EUA. Após um comparecimento de 66% este ano, as projeções indicam que se o democrata obtiver 51% dos votos, terá sido votado por 33 7% dos americanos – mais até do que Richard Nixon, que chegou a 33,5% em 1972.

As marcas de Biden são mais impressionantes em razão das críticas que o democrata recebeu o longo da campanha, muitas de membros do próprio partido. Quando se lançou candidato às prévias, no ano passado, alguns o consideravam velho de mais para o cargo – ele faz 78 anos no dia 20 e terá 82 se chegar ao fim do mandato.

Político moderado, com mais de 40 anos de carreira, ele superou também aqueles que acreditavam que o senador Bernie Sanders ou a senadora Elizabeth Warren, ambos ligados aos jovens e aos eleitores progressistas da ala esquerda do partido, seriam capazes de mobilizar muito mais a base democrata.

A votação esmagadora também derruba a linha de ataque de Trump, que passou a campanha chamando o democrata de “Joe Sonolento”, fazendo piada com seus comícios discretos, para poucas pessoas, e criticando o fato de Biden passar muito tempo no “porão” de sua casa em Wilmington, no Estado de Delaware. “Nem todo mundo pode se dar ao luxo de viver trancado no porão, como faz o Joe”, disse o presidente no último debate.

A campanha de Biden respondia que o candidato não organizava comícios gigantescos, como Trump, em razão do risco de aglomeração durante a pandemia. Nas últimas semanas, o democrata encontrou uma fórmula que deu resultado: discursos feitos para apoiadores em drive-ins e espaços abertos nas grandes cidades, onde as pessoas podiam acompanhar tudo de dentro do carro.

Na reta final, em um desses eventos, ele mostrou bom humor ao postar uma foto no Twitter de centenas de carros em um comício em um drive-in da Geórgia com a seguinte legenda: “Quem deixou toda essa gente entrar no meu porão?”.