24 de junho de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Chamado de ‘idiota’ e ‘primário’, Guedes vem sendo fritado dentro do próprio governo

Ministro tenta brecar ampliação de gastos em pacote de obras federais que extrapolariam teto de gastos

Após afirmar, enfaticamente, que ministros que aconselham Jair Bolsonaro a furar o teto de gastos estão levando o presidente para “uma zona de impeachment”, o ministro Paulo Guedes, da Economia, é alvo de um tiroteio interno contra ele no governo.

Segundo Mônica Bergamo, um auxiliar do presidente que defende um amplo programa de obras federais para debelar a crise, confidenciou que Guedes é “o maior fura-teto” do governo, que já gastou R$ 926 bilhões, de forma excepcional, para conter os danos causados pelo novo coronavírus.

O ministro estaria, nesta visão, fazendo Bolsonaro e todo o país embarcarem em uma narrativa falsa, já que a própria crise explodiu o teto e elevou o déficit fiscal.

Desta forma, incluir em ações emergências um pacote de obras e de programas sociais não alteraria a situação fiscal de forma significativa. E ajudaria o país a se recuperar, de acordo com a ala desenvolvimentista da equipe de Bolsonaro.

De quebra, alavancaria a popularidade do presidente, que é candidato à reeleição. As palavras usadas contra Paulo Guedes são duras: “idiota”, “bobo político” e “primário” são algumas delas.

A narrativa é que Paulo Guedes não consegue perceber que há alternativas que permitiriam a inclusão das obras e de gastos sociais no orçamento sem que elas alterassem o problema fiscal.

O ministro se limitaria a repetir palavras de ordem sem sentido prático, interditando uma discussão razoável sobre o problema. E neste meio tempo, já vem perdendo apoio e até mesmo secretários.

Liderada pelo ministro Walter Braga Netto (Casa Civil), a ala desenvolvimentista tenta articular um programa de despesas com obras que extrapolaria o teto. Isso seria possível se elas fossem consideradas emergenciais. Braga Netto é apoiado por outros militares e pelos ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura).