
O fato de ainda não ter conseguido me encaixar como telespectador de um programa como Big Brother Brasil (TV Globo) faz-me um ser, não visão de uns, ultrapassado.
Mas, talvez por ter nadado em leito de rio sereno, ainda jovem, tenha agora a noção do sentido da própria existência. Assim, nem tudo que é festa de arromba, aos olhos de outros, me atrai.
É possível que o avanço existencial, cultural e ético do programa BBB esteja mesmo fora do meu alcance. Então, deixa estar.
No entanto, o que não pode esperar é a indignação alagoana contra a Braskem, patrocinadora desse programa de grande audiência. Chega a ser um desaforo.
A TV Globo se diz defensora da vida sustentável, do meio ambiente, entre outros tantos conceitos usados em sua programação, bem que poderia ter visto que no Brasil a Braskem cometeu o maior crime ambiental do mundo.
Foi aqui em Maceió que a Braskem afundou 4 bairros, desalojou 60 mil pessoas de suas casas e provocou dor na alma de famílias inteiras. Todas expulsas do seu habitat, graças a ganância da mineradora que tinha compromissos apenas com os seus bem instalados acionistas do mercado financeiro.
Isso não é pouco. É destruição verdadeira de patrimônio, de famílias, de sentido de vida em comunidade.
A Braskem fazer festa para lucrar mais, via programa de TV de sucesso, é verdadeiro um escárnio com os moradores que deixaram o Pinheiro, Bom Parto, Mutange e Bebedouro.
Isso sem falar na população do Flexal (de baixo e de cima), Fernão Velho e Rio Novo, outros bairros ainda em avaliação. Embora, à luz dos fatos, os laudos técnicos até então elaborados não atestam que os casos dessas novas áreas sejam os mesmos dos bairros inicialmente atingidos.
Enfim, a Braskem pode fazer a festa que quiser no Big Brother. Tem dinheiro suficiente para fazer a farra dos seus acionistas até altas horas.
Mas, a TV e o telespectador precisam saber que a Braskem é big também em destruição de vidas.
Maceió é testemunha viva do desastre.