26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

CPI aprova quebra de sigilo telefônico de Pazuello e do gabinete paralelo

Senadores pretendem acelerar as investigações para verificar se houve algum erro ou irregularidade por parte do Executivo

A CPI da Covid aprovou hoje a quebra de sigilo telefônico e telemático dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Internacionais), além do empresário Carlos Wizard (que atuou como conselheiro informal do governo durante a pandemia).

Com a decisão, os senadores pretendem acelerar as investigações para verificar se houve algum erro ou irregularidade por parte do Executivo federal na condução das ações de enfrentamento à crise sanitária.

Pazuello é um dos principais alvos da CPI por ter sido o ministro da Saúde durante as fases mais agudas da pandemia —ele foi demitido do cargo, em março desse ano, sob críticas de todos os lados.

Araújo era o chefe do Itamaraty e ficou marcado pelas provocações à China, maior parceiro comercial do país e estratégico na exportação de insumos utilizados para produção de vacinas.

Wizard tornou-se um dos personagens da comissão, do ponto de vista investigatório, depois de passar um breve período em função de aconselhamento ao ex-ministro Pazuello. Defensor do chamado “tratamento precoce” e contrário ao lockdown, ele chegou a ser indicado para ocupar um cargo formal no Ministério da Saúde, mas o Executivo acabou desistindo da nomeação.

O empresário pode ter feito parte do que tem sido chamado “gabinete paralelo” —estruturava sem vínculo oficial com o poder público que municiava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com informações sobre vacinas, uso de cloroquina e medicamentos sem eficácia no tratamento da covid, entre outros.

Foram aprovados hoje 29 requerimentos, com voto contrário de Marcos Rogério (DEM-RO), que argumentou que as quebras de sigilo “não tem fundamentação” e estariam em desacordo com o Regimento Interno do Senado. Confira os requerimentos:

  • Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde conhecida como “capitã cloroquina”;
  • Filipe G. Martins, assessor especial da Presidência;
  • Nise Yamaguchi, médica defensora da cloroquina que fazia parte do chamado “gabinete paralelo”;
  • Francieli Francinato, coordenadora do Plano Nacional de Imunização;
  • Antônio Elcio Franco Filho, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde.

Também foram aprovados a quebra de sigilo das empresas PPR (Profissionais de Publicidade Reunidos), Calia, propaganda e marketing, e Artplan. Votaram contrário os senadores Marcos Rogério e Jorginho Mello (PL-SC).