26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Arthur Lira dá a entender na GloboNews que governo Bolsonaro afundaria sem ele e o centrão

“Partidos de centro é que dão a estabilidade que o governo precisa, que qualquer governo que se elege”, diz o único apto a abrir processos de impeachment

Líder do centrão e presidente da Câmera, o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi claro ao dizer que o governo do presidente Jair Bolsonaro só se sustenta por causa do centrão. E que está cansado da “narrativa do ‘toma lá dá cá'”.

Entrevistado no “Em Foco”, da GloboNews, na noite de ontem (1º), o alagoano vai ainda mais longe e diz que é o bloco de independente é responsável pela estabilidade e previsibilidade ao Brasil também de governos anteriores.

“Os partidos de centro sempre votaram as reformas estruturantes desse país, seja em momentos ruins ou bons. E, às vezes, são mal compreendidos. O que seria do governo Lula se não tivéssemos os partidos de centro? O que seria do governo FHC se não tivessem os partidos de centro? O que seria do governo Dilma, do governo Temer, o que seria do governo Bolsonaro?”. Arthur Lira.

Dissecando o argumento audacioso de Lira, que recentemente disse ser “inaceitável” e “ferir de morte” o indiciamento de deputados pela CPI, pois eles “não são pessoas comuns”, fica fácil entender a lógica do deputado alagoano: a realidade é paralela quando se vê a população de cima de um totem de certeza de impunidade.

Vale lembrar, a “narrativa” do toma lá da cá foi reativada exatamente por Bolsonaro, que quando eleito havia prometido acabar com troca de interesses ao fazer política. Como o toma lá da cá que praticou com o centrão de Lira, ao colocar Ciro Nogueira no comando de sua Casa Civil.

Indo mais além, na semana passada o presidente Jair Bolsonaro filiou-se ao PL de Valdemar Costa Neto (e de Arthur Lira), oficializando assim a sua volta ao centrão após ter sido eleito em 2018 com discurso crítico a esses partidos e hoje se apoiar neles para garantir governabilidade.

Curiosamente, até pouco tempo, ele diz que como o Brasil vive em crise política, deveríamos mudar para o “semipresidencialismo”. Não é difícil de imaginar, portanto, que se dependesse destes nobres centristas, o contrário poderia acontecer. E que sem eles, Bolsonaro e seu governo afundariam.

“Eu tenho dito sempre: os partidos de centro é que dão a estabilidade que o governo precisa, que qualquer governo que se elege”. Arthur  Lira.

De uma maneira ou de outra, Lira está certo: deixando estável o governo de um presidente que vive ameaçando instituições, estatizou a compra de votos no Congresso (ou, para deixar mais bonito, “emendas dos relator”) e afundou instituições, patrimônios e economia nacional, além da imagem internacional, o centrão e seus deputados são coautores de tudo o que acontece no Brasil.

Em tempo: há mais de 100 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. E não há crimes suficientes que ele possa cometar, enquanto Lira e o centrão não continuaram ajudando. E recebendo muito em troca disso. Financeiramente e com cargos. Por falar de “narrativa” em toma lá da cá é papo pra gado.