26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Na CPI, Marcos do Val defende cloroquina e “agradece” Pazuello por sua gestão (de 264 mil mortos)

Senador disse que médicos que acreditavam no medicamento o imploravam para que fosse liberado e sugeriu que profissionais contrários rasgassem o diploma

Integrante da tropa de chope do presidente Jair Bolsonaro na CPI, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) rasgou elogios ao ex-ministro general Eduardo Pazuello.

Do Val disse que tinha médicos na família ou conhecidos que “acreditavam” no medicamento contra-indicado para covid-19 o imploravam para que o medicamento fosse liberado. E que o fato do presidente endossar o medicamento, esfregando até na cara de uma ema, não influenciou no uso do medicamento.

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O senador então, foi além, e sugeriu que médicos contrários ao uso do medicamento deveriam rasgar seus diplomas e retornar para a faculdade.

A questão é que médico não é curandeiro e não basta “acreditar” em um medicamento. E tudo indica que a cloroquina, usada para malária, que não é vírus, não funciona contra covid. Pode até provocar piora hepática ou arritmia cardíaca, aumentando as chances de morte.

E sem fazer perguntas, chegou a agradecer ao depoente, nesta quinta-feira (20), no segundo dia de Pazuello no inquérito. O parabenizou pela coragem de guiar o avião durante a pandemia, mesmo sem ter conhecimento. Se vale a analogia, mais de 2 mil aviões teriam caído neste período.

Quando Pazuello assumiu o ministério em 16 de maio, o Brasil acumulava 233 mil casos e 15.633 mortes associadas à covid-19. Em 15 de março, quando o substituto do general foi anunciado, o número de casos passava de 11,5 milhões, e o de mortes se aproximava de 280 mil, com o país ocupando o segundo lugar entre as nações com mais óbitos na pandemia.

No dia anterior, o general passou mal após mais de 7 horas com contradições, omissões e até mesmo algumas declarações questionáveis – como quando criticou o preço da vacina da Pfizer para não comprar as doses no ano passado.