A Frente Parlamentar Evangélica, presidida pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), já se afastar do ministro Milton Ribeiro (Educação), envolvido em acusações que podem configurar tráfico de influência.
E assim como dito pelo pastor Silas Malafaia, o deputado afirmou, em nome da Frente, que as explicações dadas pelo titular da Educação até o momento não foram suficientes.
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Mas mesmo com Ribeiro apenas cumprindo ordens de Jair Bolsonaro, Sóstenes buscou isolar o presidente, que é do mesmo partido dele (PL).
Segundo ele, a menção ao chefe do Executivo no áudio seria apenas uma “prática da política”, de fazer referência a autoridades mais gabaritadas em diálogos para mostrar influência.
Já pela sua “prática política”, o ministro Milton Ribeiro vem sendo pressionado desde surgimento de indícios de um esquema informal de obtenção de verbas envolvendo dois pastores sem cargo público.
O presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, Marcelo Castro (MDB-PI), já afirmou que Milton Ribeiro telefonou para ele e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos aos senadores. Castro disse que o requerimento de convocação deverá ser analisado na sessão da comissão nesta quinta (24).
Como Ribeiro se colocou à disposição, os parlamentares devem analisar se mantém a modalidade de convocação —na qual a presença é obrigatória— ou se trocam para convite.O presidente da comissão disse que vai propor que a audiência com o ministro seja na próxima terça (29).
PGR
O procurador-geral da República, Augusto Aras, decidiu pedir autorização ao STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar o ministro da Educação, Milton Ribeiro.
A decisão foi tomada após vazamento do áudio em que Ribeiro afirma que o governo Jair Bolsonaro (PL) prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos pastores que não têm cargo e atuam em um esquema informal de obtenção de verbas do MEC.
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A PGR também pretende apurar a suspeita de achaque ao prefeito Gilberto Braga (PSDB), do município maranhense de Luis Domingues. Ele afirmou que um dos pastores que negociam transferências de recursos federais para prefeituras pediu 1 kg de ouro para conseguir liberar verbas de obras de educação para a cidade.
Aras pretende ouvir o ministro, os pastores citados e prefeitos que teriam sido beneficiados com verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
O pedido de ouro em troca de liberações de recursos teria sido feito pelo pastor Arilton Moura, segundo o prefeito. Arilton e o também pastor Gilmar Santos têm negociado liberações de recursos federais para municípios mesmo não tendo cargos no governo do presidente Jair Bolsonaro.
Na gravação, o ministro diz ainda que isso atende a uma solicitação do presidente Bolsonaro e menciona pedidos de apoio que seriam supostamente direcionados para construção de igrejas. A atuação dos pastores junto ao MEC foi revelada anteriormente pelo jornal O Estado de S. Paulo.