26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Risco e poluição visual: Fios que correm emaranhados sob o céu de Maceió

De poste em poste, a amarração que incomoda os olhos e ativa a sensação de perigo

Foto: Armando Durval (cortesia)

Basta um olhar rápido para o alto e você se depara com um amontoado de fios nos postes de Maceió, principalmente na região central e bairros mais populares. É a junção da tecnologia com o perigo. Energia e cabos ópticos – telefone, internet, tv a cabo (e o escambau a quatro) – correm emaranhados ou lado a lado para nossas residências e pontos comerciais para atender às necessidades de energia e conexão.

Tá certo que a tecnologia avança e junto com ela, seus serviços terceirizados de conexão – ironicamente desconectados entre si – desprezando a estética e perigosamente assombrando nossa cidade com a poluição visual e os riscos que correm nos fios desse cabeamento aéreo de internet e energia elétrica. Basta um curto-circuito pra esse risco se potencializar e se materializar, ainda que por meio de prejuízos aos serviços prestados.

Neste final de semana, estabelecimentos e residências localizadas entre a região do mercado e rua Cincinato Pinto, no Centro, ficaram sem conexão de internet, e o problema persistia até a tarde desta terça-feira. Causa desse transtorno? Um curto-circuito que provocou fogo em um desses postes – bem pertinho do Palácio do Governo – e rompeu alguns desses fios.

Recebemos reclamações de clientes da Algar e da Vivo (provedores de internet), inclusive estabelecimentos comerciais que ficaram com as atividades extremamente prejudicadas no sábado e neste início de semana. Técnicos das empresas de telecomunicação até tentaram restabelecer o serviço, mas ficaram mercê da Equatorial, devido o risco de tocarem em fios de energia descobertos, devido ao derretimento dos cabos provocado pelo fogo, mesmo com equipamentos de segurança A empresa de energia até mandou uma equipe ao local, mas não resolveu.

Normas técnicas

Desde 2005, a norma NBR 15214 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabeleceu os requisitos técnicos para o compartilhamento da infraestrutura das redes de distribuição aérea de energia elétrica com redes de telecomunicação.

O compartilhamento se dá mediante contrato de aluguel que varia de cidade em cidade, e que permite às empresas prestadoras de serviços de telefonia, internet, etc., pendurar (é isso mesmo que elas fazem!) seus fios e equipamento nos postes de energia para fazer com que seus sinais cheguem até o consumidor.

Aí começa a bagunça observada nos postes de Maceió (e de outras cidades). Nem sei se pagam taxas de compartilhamento ou quanto custa. Essa não é a questão. O grande problema é a poluição visual e o perigo – principalmente para os técnicos dessas empresas, que trabalham no alto de uma escada driblando cabos elétricos, às vezes descascados, para alcançar seus objetivos.

Aparentemente, não há uma fiscalização para o uso adequado desses postes. Se há, é ineficaz. Qual o número aceitável de fios em um poste? É necessário saber, pois Maceió já ultrapassa a marca de 25 provedores de internet, sem contar as prestadoras de serviços de tv, telefonia e outros. Antigamente os postes sustentavam os fios; hoje tem muitos fios sustentando os postes.

A solução? Não sou eu quem vai dizer. Tem muita gente capacitada tecnicamente para isso. Mas me parece que uma infraestrutura subterrânea bem planejada e executada seria um bom caminho para embutir de forma organizada esse emaranhado de fios, a bem dos nossos olhos e do trabalho dos técnicos que dão manutenção à infraestrutura desses serviços.

O risco de quem tem que trabalhar em meio a um emaranhado de fios – alguns descascados