27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Violência policial e racismo em terreiro é mais um caso de tantos impunes

Policia se silencia sobre jovem negro da periferia, arrastado para casa abandonada, espancado e torturado, segundo denúncia

Não foi o primeiro caso de racismo religioso e nem a última agressão aos negros da periferia

Pode até haver controvérsias na história do arrombamento pela Polícia Militar de Alagoas do terreiro de Umbanda Abassá Angola, na última quinta-feira, 2 de março. Mas, o que está evidente é mais um caso brutal de racismo, em Maceió.

O racismo na força policial é uma presença constante. Principalmente nas abordagens de jovens negros.

Desfilar na orla da cidade  nos fins de semana, nem pensar. Incomoda os brancos. Aí a abordagem policial quase sempre é truculenta. Portanto, uma praxe.

Modus Operandi: Aqui é região de brancos, não apareçam.

O arrombamento, sem nenhum mandado judicial, das portas do terreiro Abassá Angola no Conjunto Otacílio de Hollanda, na parte alta da cidade, foi mais uma de tantas outras ações policiais desse porte nas áreas pobres da periferia.

O relato do advogado Pedro Gomes contra o Batalhão de Polícia de Guarda de Alagoas, certamente, não dará em nada, como tantos outros casos semelhantes. Exatamente por que o alvo era um jovem negro, que foi arrastado para uma casa abandonada, espancado e torturado, segundo a denúncia.

O próprio advogado questionado pelo jornal Brasil de Fato sobre a ação policial que ele denunciou, foi enfático ao falar do motivo: “É da própria natureza dessa guarnição. Não há qualquer respeito com os moradores da região por serem negros e periféricos, e também não há respeito com as religiões de matriz africana”.

De acordo com as informações, o acusado de portar drogas foi ameaçado de morte pela força policial.

A Polícia Militar não disse absolutamente nada sobre as acusações neste caso.

Coube então ao desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas, Tutmés Airan, coordenador de Direitos Humanos da Corte, encaminhar na sexta-feira, 3, um requerimento ao delegado geral da Polícia Civil, Gustavo Xavier, para que o fato seja investigado.

Que se investigue devidamente. O caso é de racismo estrutural e religioso. E, lamentavelmente, as instituições de Estado não fazem nenhuma questão de combater.

A conivência é histórica. E a impunidade, diante da truculência, reina.

Aos olhos de quase todos, negros são bandidos. Por isso quase ninguém se importa!