Após um ano de negociação, a Boeing fechou os termos da compra da área de aviação civil da Embraer, criando uma nova empresa no valor de US$ 5,26 bilhões, ou R$ 20,5 bilhões. A transação será agora submetido ao governo brasileiro.
Os americanos pagarão aos brasileiros US$ 4,2 bilhões (R$ 16,4 bilhões caso tudo fosse pago hoje, o que não ocorrerá), US$ 400 milhões a mais do que o previsto inicialmente, para ter 80% do controle da nova empresa. Antes, o valor total seria de US$ 4,75 bilhões (R$ 18,5 bilhões), que era considerado baixo por analistas e pelo governo.
As ações da companhia brasileira subiam mais de 7% após o anúncio.
Também será criada uma joint-venture para a produção e comercialização de um único produto militar que ficará fora do escopo da empresa que sobrará do fatiamento da Embraer, o cargueiro militar multimissão KC-390.
A Boeing já era responsável por promover o avião, desenvolvido a custo de US$ 5 bilhões (R$ 19,5 bilhões) com dinheiro do governo brasileiro, no exterior.
A aeronave mira um mercado potencial de mais de 700 modelos antigos, a maioria composta por Lockheed C-130 Hercules, no mundo. Essa terceira empresa não venderá outros produtos militares nem cuidará de contratos de defesa. A nova joint-venture terá controle nacional de 51%, outro ponto que agradou o Ministério da Defesa.
Sindicato contra
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, onde fica a maior fábrica da Embraer, pediu ao presidente Michel Temer e ao Congresso Nacional veto da operação. Segundo o então presidente do sindicato, Weller Gonçalves, a operação colocaria em risco cerca de 25 mil empregos.
A nova empresa deve tornar a Boeing a líder de mercado para jatos menores de passageiros, criando competição acirrada para o programa de aeronaves CSeries projetado pela canadense Bombardier e apoiado pela rival europeia Airbus.
A unidade da Embraer no município paulista emprega 13 mil pessoas, segundo o sindicato. Os outros 12 mil trabalhadores atuam em áreas terceirizadas, como limpeza e alimentação, e em 40 empresas metalúrgicas que prestam serviços para a fabricante de aviões.
“Isso tudo está em risco. Desde 2015, a Embraer está desnacionalizando a produção. Uma parte foi transferida para Portugal e para Estados Unidos. Agora, os novos projetos da empresa não vão vir para cá, vão para os EUA”. Weller Gonçalves, presidente do sindicato.