26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro anuncia Braga Netto como vice sem aval do Centrão

Centrão ainda tentava emplacar Tereza Cristina porque as últimas pesquisas evidenciaram um problema junto ao eleitorado feminino.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou na noite de domingo (26) que o general da reserva Walter Braga Netto (PL) deve ser o vice em sua chapa que disputará a reeleição nas eleições de 2022.

Isso, no entano, ainda não foi articulado com os integrantes da ala política, especialmente do centrão. Bolsonaro fez o anúncio no programa 4×4, exibido no YouTube.

Desde fevereiro, a escolha de Braga Netto já era dada como certa nos bastidores. No entanto, há alguns dias, integrantes do PP, PL e Republicanos pressionavam para que Bolsonaro optasse por Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura. A ideia era tentar melhorar os números de Bolsonaro junto às eleitoras e angariar votos femininos.

Bolsonaro deve manter a escolha por Braga Netto influenciado pela preocupação com o poder dado ao centrão. Na visão de Bolsonaro, a escolha de um vice que integrasse os partidos do centrão fazia com que o presidente temesse sofrer uma tentativa de golpe seis meses depois em um eventual novo mandato.

Centrão

O centrão ainda tentava emplacar Tereza Cristina porque as últimas pesquisas de intenção de voto mostraram a possibilidade de o ex-presidente Lula vencer, inclusive, no primeiro turno e evidenciaram o problema junto ao eleitorado feminino.

Na última pesquisa Datafolha, da semana passada, Lula teve 47% das intenções de voto, e Bolsonaro, 28%. Entre as mulheres, o petista vence de 49% a 21%.

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) que integram os partidos do centrão fizeram uma avaliação negativa do anúncio de que o general Braga Netto (PL) será o vice na chapa do chefe do Executivo nas eleições deste ano.

Apesar de evitarem críticas públicas à escolha do mandatário, correligionários avaliam que o militar dificulta a missão de ampliar o eleitorado bolsonarista e reforça a imagem radical do presidente.

Nos bastidores, interlocutores do Palácio do Planalto creditam a escolha ao fato de o chefe do Executivo ver o militar como uma pessoa mais confiável e que não representaria risco.

Cristina, por sua vez, tem bom trânsito no Congresso e, em uma eventual crise, poderia dar força a um movimento a favor do impeachment de Bolsonaro em um segundo mandato caso seja reeleito.

Braga Netto já era dado como certo para ocupar o posto de vice. Ele se filiou neste ano ao PL e deixou o Ministério da Defesa no prazo exigido para poder disputar as eleições. Em abril, o chefe do Executivo chegou a afirmar que o general tinha 90% de chance de ser seu vice.