26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro faz alerta para grave crise elétrica e Guedes sugere nem chorar com alta da energia

‘Apague um ponto de luz agora’ e ‘não adianta ficar sentado chorando’ resumem a situação brasileira

Jair Bolsonaro, o mesmo presidente que insiste em dizer que o combustível estar barato, foi incapaz de esconder o perigo da crise hídrica vivida no Brasil, que ele classifica. como “a maior da história” e “problema sério”.

Live da Semana 26/08/2021

Em sua live de quinta (26), ele fez um apelo para que as pessoas economizem energia e “apaguem um ponto de luz” em casa. Também disse que algumas hidrelétricas, sem especificar quais, podem parar de funcionar caso a situação se agrave.

“Em que pese estarmos vivendo a maior crise hidrológica da história, 91 anos que não tínhamos uma crise como essa… Vou até fazer um apelo a você que está em casa agora: tenho certeza que você pode apagar um ponto de luz na sua casa agora. Peço esse favor para você, apague um ponto de luz agora”. Jair Bolsonaro, presidente.

Ele, claro, não deveria estar surpreso: além de ter eliminado o Horário de Verão, que aliviava a demanda e reduzia gastos de energia, ignorou durante todo seu governo as queimadas na Amazônia e Pantanal. Claro, isso vem em cobrança na forma de seca.

O país enfrenta a pior crise hídrica nos últimos 91 anos, com grave escassez nos reservatórios das principais usinas hidrelétricas. Nesta semana, o Ministério de Minas e Energia (MME) admitiu, em nota, uma “relevante piora” no cenário hídrico do País e nas projeções para os próximos meses.

Nem chore

Para completar, Paulo Guedes, ministro da Economia que perguntou “qual o problema” de a energia ficar mais cara, no mesmo dia da live presidencial, confirmou que a taxa extra deverá ser novamente aumentada por causa da crise hídrica. E emendou:

“Não adianta ficar sentado chorando”. Paulo Guedes, em audiência no Senado.

Cálculos internos do governo apontam para a necessidade de que a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), seja elevada para algo entre R$ 15 e R$ 20. Há ainda um cenário limite de até R$ 25, mas é improvável que ele seja adotado.

“Temos de enfrentar a crise de frente. Vamos ter de subir a bandeira, a bandeira vai subir. Vou pedir aos governadores para não subir automaticamente (o ICMS, imposto estadual, cobrado no valor total da conta de luz), eles acabam faturando em cima da crise. Isso não é interessante. Temos de enfrentar, não adianta ficar sentado chorando”. Paulo Guedes.

Medidas

O governo anunciou novas medidas para restringir o uso de água e afirmou ser “imprescindível” a adoção de todas as ações em andamento e propostas para garantir o fornecimento de energia.

Ontem, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que as perspectivas de chuvas até o fim do período seco deste ano, meados dos meses de setembro e outubro, “não são boas no momento”.

Em entrevista coletiva, ele afirmou que os meses de julho e agosto registraram a pior quantidade de águas que chegaram nos reservatórios da série histórica. Para evitar o apagão, o governo vem tomando algumas medidas, como:

  • Redução voluntária da indústria:
    grandes consumidores de energia que aceitarem reduzir ou deslocar o consumo de energia, de forma voluntária, receberão compensação financeira. As empresas deverão oferecer um lote mínimo de economia de 5 megawatts médios (MWm), por um período de quatro a sete horas. A medida valerá até 30 de abril de 2022;
  • Redução voluntária de consumidores residenciais:
    consumidores que economizarem energia, de forma voluntária, nos próximos meses receberão desconto na conta de luz. Apesar do anúncio oficial, as regras só devem ser apresentadas no início da próxima semana, para que o programa comece a partir de 1º de setembro;
  • Redução de consumo em órgãos públicos:
    órgãos e entidades da Administração Pública deverão reduzir em 10% a 20% o consumo de energia em relação aos anos de 2018 e 2019. Caso os órgãos não consigam reduzir o consumo neste porcentual, em relação aos anos de 2018 e 2019, terá que justificar o porquê. A medida valerá de setembro a abril de 2022.