28 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro gasta 17 vezes mais com propaganda no exterior do que antecessores

Propagandas tentam apresentar um “novo Brasil, moderno e produtivo”, que “preserva 60% de sua vegetação original”

Fabio Wanjgarten, chefe da Secom, é o responsável pela divulgação do governo Bolsonaro

Em apenas dois anos de governo Jair Bolsonaro, a Presidência da República já gastou 17 vezes mais com propaganda no exterior do que todos os governos que o antecederam na última década.

Os gastos com publicidade são para tentar contornar a imagem de pária, admitida pelo próprio chanceler Ernesto Araújo, e já alcançam quase R$ 40 milhões, sendo R$ 27,7 milhões, em 2020, e R$ 11,7 milhões, em 2019.

Como comparativo, os gastos destes dois anos ficam, respectivamente, 5.331% e 12.812% acima da média anual dos gastos da Presidência de 2009 até 2018. Sob os governos Lula (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), o Planalto gastou, no total, R$ 2,14 milhões com propaganda no exterior.

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Os números constam nos dados de pagamentos e execução contratual do Palácio do Planalto.

Segundo a própria Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) informou ao UOL, o gasto é para “contrapor percepções equivocadas e descontextualizadas que, por vezes, surgem no cenário internacional”.

Números

Antes de Bolsonaro, os maiores valores, corrigidos pela inflação, tinham sido registrados em 2009, quando o ex-presidente Lula pagou R$ 1 milhão para veicular nos EUA anúncios sobre a Conferência Internacional sobre Biocombustíveis e o Seminário Invest in Brazil – New York.

O aumento vai na contramão da diminuição de toda a verba publicitária da própria Secom. As despesas caíram de R$ 255,6 milhões em 2018 (valores nominais) para R$ R$ 128,15 milhões em 2020.

A Secom disse que veiculou a campanha “Brazil by Brasil” (Brasil segundo o Brasil) em “países considerados estratégicos para o Brasil, como EUA, Alemanha, França, Inglaterra, Noruega e Suécia”. A ação aconteceu em 2019, mas o processamento dos pagamentos extrapolou para o orçamento de 2020.

As propagandas tentam apresentar um “novo Brasil, moderno e produtivo”, que “preserva 60% de sua vegetação original”. Nas redes sociais, é possível encontrar registros de anúncios em pontos de ônibus e num outdoor eletrônico que cobre metade de um prédio na saída de uma das estações de trem mais movimentadas de Nova York, a um quarteirão do Empire State.

Alguns anúncios dessa campanha, entre eles o exibido no site da publicação econômica “Financial Times”, continham erros de grafia e viraram motivo de piada na internet. A palavra “soberano” foi escrita como “sovereing”, enquanto o correto é “sovereign”. Já nas redes sociais do governo, a palavra “sustentável” foi escrita como “susteinable”, em vez de “sustainable”.