27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro volta atrás sobre privatizações e bolsas despencam

Possibilidade de vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno havia animado investidores, pois ele defenderia reformas e privatizações

Em entrevista na Bandeirantes, Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República, disse ser contrário à privatização de ativos na área de geração de energia elétrica e que manteria estatal o “miolo” da Petrobras. As declarações provocaram uma grande queda nas bolsas, em especialmente das ações da elétrica Eletrobras.

Segundo o candidato, é possível “conversar” sobre privatização do setor de distribuição de eletricidade, mas não dos de geração. Bolsonaro afirma que o Brasil tem cerca de 150 estatais, e que as que “dão prejuízo” serão vendidas imediatamente, ou até extintas.

“Para mim, energia elétrica, a gente não vai mexer. Até converso com o Paulo Guedes (guru de economia do candidato). O que deu errado lá? É indicação política, que leva à ineficiência e à corrupção.”

“Arrebentaram com a Petrobras. E daqui, 20, 25, 30 anos, a energia será outra. O refino dá para privatizar, mas mesmo privatizando algumas coisas tem que ver o modelo. A exploração você tem que abrir. Nós temos tecnologia, mas não temos recurso para explorar.” Ele disse ainda ser favorável à redução de impostos de combustíveis.

Mercado especulativo

A possibilidade de vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno havia animado os investidores. As compras nos últimos dias estiveram concentradas no chamado “kit eleições”, formado por ações de estatais (como Petrobras, Eletrobras e Banco de Brasil), além de bancos. A explicação está nas bandeiras liberais do candidato à Presidência, que defenderia reformas e privatizações.

Antes das declarações de Bolsonaro, o mercado previa que as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) poderiam chegar a R$ 40, apresentando o maior potencial de valorização de alta entre as estatais, de 49% em relação ao fechamento da ação nesta terça-feira (9), de R$ 26,82. Claro, quem quis investir, perdeu.

O dólar comercial operava em alta nesta quarta-feira (10), após três quedas seguidas, e a Bolsa tinha queda acentuada. Por volta das 16h10, o dólar subia 1,28%, a R$ 3,758 na venda. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, perdia 2,44%, a 83.985,32 pontos. A queda era puxada principalmente pelo tombo das ações de estatais, como Eletrobras (-7,43%) e Petrobras (-2,95%).