O presidente Jair Bolsonaro já falou muita merda. Seja em sua longa vida pública, afinal foi eleito deputado em 1991, ou mesmo durante seu cargo na presidência, que parte apenas para o fim do segundo ano. Ainda assim, o dia 10 de novembro conseguiu se destacar para ser lembrando pela infâmia.
Reiterando: o presidente Jair Bolsonaro já falou muita merda. Dentre bizonhices, burradas ou piadas sem graça, não se engane, há ainda uma coleção de efemérides repleta de racismo, homofobia e outros discursos criminosos e hediondos.
O pior de tudo não é nem mesmo seu discurso. Já se sabe como Bolsonaro é. Nem mesmo seu entorno político e de funcionários. Com familiares e subordinados repletos de denúncias com provas consistentes de desvio de dinheiro público e envolvimento com milícia, já seria de se esperar que sua companhia diria quem ele é.
O problema são seus apoiadores. O problema é que mesmo diante de toda as merdas que ele faz e fala, todas as pesquisas indicam que aquela faixa de apoiadores, entre 25% e 35%, insistem em apoiar o presidente e seu governo.
E todos nós sabemos quem são essas pessoas. Todo mundo tem um vizinho, um amigo, um colega, um chefe ou um parente próximo, como um irmão, uma mãe ou um pai que concordam com esse discurso imbecil.
Uma coleção de pessoas se recusam a ouvir a voz da razão e se fecharam em suas bolhas de mentiras e conspirações. Pessoas que se dizem honestas, que se dizem patriotas, que se dizem de bem, mas que aceitam discursos indesculpáveis.
Quem já passou a mão para alguém que desejou fuzilar o presidente, guerra civil com 30 mil mortos, fechamento do Supremo e Congresso, mais todo tipo de ação retrógrada contra uma questão de saúde pública (algumas destas mais recentes que as outras), claro, não deve ter se abalado com o repertório de 10 de novembro:
- Ele iniciou o dia celebrando o suicídio de um voluntário da Coronavac como uma vitória pessoal contra Dória:
- Sabotador nessa pandemia, afirmou que há brasileiros que são “maricas” e que deveriam lidar com a morte sem medo:
“Tem que deixar de ser um país de maricas”, diz o Presidente da República sobre as mortes por Covid-19 pic.twitter.com/YBhWMUddMV
— Samuel Pancher (@SamPancher) November 10, 2020
- Com a perda do aliado Trump, ameaçou Biden com um confronto armado pela Amazônia:
Brazilian president Jair Bolsonaro answers @JoeBiden’s threat of economics sanctions if Brazil doesn't stop deforestation in amazon rainforest:
"Diplomacy isn't enough. When the saliva (dialogue) is over, you must have gunpowder" pic.twitter.com/Qcqf4DPPLs
— Samuel Pancher (@SamPancher) November 10, 2020
- Reclamou que sua vida está uma desgraça e que não consegue sair nem pra comer um pastel:
assim de saúde pic.twitter.com/Ou6FYC2cyG
— luscas (@luscas) November 10, 2020
Em 24h, Bolsonaro falou muita merda. Isso já sabemos, é recorrente e não deve mudar. O problema é a aceitação desse discurso. Passaram-se menos de dois anos de governo e muitos já pularam o barco, mas continua sendo revoltante o tanto de pessoas que ainda replicam esse discurso. É muita merda para o brasileiro aturar.