27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Laranjas do PSL: PF quer nova apuração de caixa 2 em campanha de ministro

Bolsonaro criticou a Folha, que noticiou as investigações, dizendo que esta desceu “às profundezas do esgoto”

As contas de campanha do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, devem ser alvos de uma segunda investigação da Polícia Federal em decorrência do caso de candidatas laranjas do PSL.

Um depoimento e uma planilha apreendida na apuração do caso levantam suspeita de que dinheiro do esquema das laranjas do PSL foi desviado para abastecer, por meio de caixa dois, as campanhas do presidente Jair Bolsonaro e de Álvaro Antônio, que era coordenador da candidatura presidencial em Minas Gerais e candidato à Câmara dos Deputados.

A nova investigação, caso aberta, terá o ministro de Bolsonaro como foco principal, sob suspeita de ter movimentado recursos sem o conhecimento da Justiça Eleitoral.

Além do depoimento e da planilha, a PF reuniu ainda outros indícios de recursos não contabilizados na campanha de Álvaro Antônio. Os casos estão nos autos e foram enviados para o Ministério Público, que é quem vai decidir se abre a nova apuração. O promotor Fernando Ferreira Abreu já confirmou que haverá novas investigações, mas não deu detalhes.

Ministro do Turismo, responsável pelas laranjas do PSL, estaria livre dos crimes

Laranjal

Nas apurações do laranjal, Álvaro Antônio foi indiciado e denunciado na semana passada, ao lado de outras dez pessoas, sob acusação dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.

O hoje ministro foi o candidato a deputado federal mais votado de Minas, tendo sido reeleito ao cargo. Não há nenhuma ação por parte da PF no que diz respeito às menções de dinheiro desviado para material de campanha para Bolsonaro.

O braço direito do ministro na pasta e dois ex-auxiliares que comandaram sua campanha no Vale do Aço de Minas Gerais chegaram a ser presos por cinco dias em junho. Os três, além de quatro candidatas laranjas, já haviam sido indiciados pela PF sob a suspeita dos mesmos crimes atribuídos ao ministro.

Marcelo patrocinou em 2018, quando era presidente do PSL-MG e candidato a deputado federal, o desvio de verbas públicas do partido por meio de quatro candidatas do interior de Minas.

Apesar de figurarem no topo das que nacionalmente mais receberam dinheiro público do PSL, R$ 279 mil, as quatro não apresentaram sinais evidentes de que tenham realizado campanha e, ao final, reuniram, juntas, apenas 2.074 votos.

Parte dos recursos que Álvaro Antônio direcionou a elas, como presidente estadual da sigla, foi parar em empresas ligadas a assessores e ex-assessores de seu gabinete na Câmara.

Reação de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a Folha, responsável pela apuração das investigações, “avançou todos os limites” e desceu “às profundezas do esgoto” ao publicar reportagem sobre possível uso de caixa dois na campanha dele à Presidência e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ambos do PSL.

“A Folha de S.Paulo avançou a todos os limites, transformou-se num panfleto ordinário às causas dos canalhas. Com mentiras, já habituais, conseguiram descer às profundezas do esgoto”. Jair Bolsonaro, presidente.

O ministro Sergio Moro, responsável pela Polícia Federal, endossa a posição do presidente e afirma a inocência do mesmo, ressaltando que este fez a campanha mais barata da história.

Adversário no segundo turno das eleições, Fernando Haddad (PT) declarou gastos de R$ 37,5 milhões. Bolsonaro, R$ 2,5 milhões.