Às vésperas do segundo turno das eleições em Alagoas, o governador Paulo Dantas (MDB) é afastado do cargo pela ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para que a Polícia Federal desenvolva os trabalhos da Operação Edema, no Palácio República dos Palmares e na Assembleia Legislativa de Alagoas.
Na reta final do primeiro turno das eleições em Alagoas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), em constante guerra com o senador Renan Calheiros (MDB) e com o ex-governador Renan Filho (MDB), gravou um vídeo com ataques ao presidente da Assembleia, deputado Marcelo Victor, a famílias Calheiros e ao próprio Paulo Dantas, e deixou evidente que a PF daria continuidade a operação Edema no Estado.
Lira lembrou na oportunidade as declarações do empresário Luiz Dantas, pai do governador, falava para ele se afastar do presidente da Assembleia, em duas declarações feitas em vídeo. Na época era como Dantas, o pai, já soubesse que essa operação estava para acontecer, exatamente no segundo turno das eleições.
Uma operação realizada pela Policia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) no Palácio República dos Palmares, sede do governo, ambos localizados no Centro de Maceió, além de outras residências em Maceió, Major Isidoro e Batalha.
Operação Edema
A operação, inicialmente, foi deflagrada em 4 de março deste ano. De acordo com as informações da Polícia Federal, à época, ela envolveria uma organização criminosa de lavagem de dinheiro.
Nesta terça-feira, 11, a Polícia Federal está desenvolvendo a operação nas residências do governador Paulo Dantas e do presidente da Assembleia, Marcelo Victor. Além disso a PF está cumprindo 31 mandados de busca e apreensão.
Nota do MPF
Confira na íntegra uma nota do Ministério Público Federal sobre o caso:
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal cumprem, na manhã desta terça-feira (11), medidas cautelares determinadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no bojo da Operação Edema, que apura a prática sistemática de desvios de recursos públicos que ocorre desde o ano de 2019 no âmbito do Poder Público do Estado de Alagoas. Uma das determinações foi o afastamento cautelar do governador.
Ao todo, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão em imóveis vinculados aos investigados. Conforme a decisão judicial, a partir de hoje, os investigados estão impedidos de manter contato entre si e de frequentar os órgãos públicos envolvidos na investigação. As medidas cautelares incluem ordem de sequestro de bens e valores que chegam a R$ 54 milhões. Dezenas de imóveis foram objetos de constrição.
A necessidade e a urgência das medidas cautelares cumpridas na manhã de hoje – que incluem busca e apreensão, sequestro de bens, afastamentos de função pública, ente outras medidas – foram amplamente demonstradas nos autos da investigação policial e corroborada pelo Ministério Público Federal, o que subsidiou a decisão judicial.
A investigação, ainda em sigilo, aponta a ocorrência dos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Também nesta terça-feira, o vice-governador será comunicado a respeito da ordem judicial de afastamento do governador do cargo.