27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Panalto manda apagar fotos de pastores do ouro com ministro Ciro Nogueira

Pastores frequentavam o gabinete do ministro e em seguida pediam propina em ouro a prefeitos

Ciro Nogueira em uma das imagens com o pastor do ouro que foi apagada pelo governo

Por ordem da cúpula palaciana no Planalto, a Casa Civil apagou fotos que estavam disponíveis ao público do encontro do ministro Ciro Nogueira com o pastor Arilton Moura, envolvido em corrupção no Ministério da Educação. O pastor ficou conhecido como “o propina de ouro”.  Segundo o G1, que consultou os registros, as imagens foram publicadas em conta do Flickr da pasta.

A reunião ocorreu no dia 21 de setembro do ano passado e foi registrada por um fotógrafo da Casa Civil.

Na quinta-feira, as fotografias ficaram indisponíveis.”Parece que a foto ou o vídeo que você está procurando não existe mais”, diz a mensagem no site consultado pelo G1.

A agenda de Ciro Nogueira daquele dia, consultada pelo GLOBO, não traz qualquer menção à reunião. Sobre o assunto, a Casa Civil não se manifestou.

O deputado Vicentinho Júnior (PP-TO), que também participou da reunião e estava nas fotografias, também apagou as fotos que publicou em seu perfil do Instagram.

Antes, o parlamentar tinha até mesmo feito uma legenda para a ocasião: “Mais uma vez estive com o ministro Ciro Nogueira para tratar sobre as demandas dos municípios tocantinenses. Agradeço imensamente ao ministro pela paciência e presteza que sempre nos atende. Agradeço mais ainda pela sensibilidade em atender nossos pedidos que beneficiam as pessoas do Tocantins”.

O pastor Arilton Moura esteve 35 vezes no Palácio do Planalto desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro, enquanto o pastor Gilmar Silva dos Santos, também envolvido no escândalo do MEC, esteve outras 10 vezes no mesmo período. Os dois são investigados por atuarem como lobistas e pedirem propinas por liberação de verbas do MEC e FNDE.

Os dados foram divulgados nea quinta-feira pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), um dia após O GLOBO revelar que o governo federal havia recusado um pedido para apresentar as informações. De acordo com o GSI, os dados foram liberados devido a uma “recente manifestação da Controladoria-Geral da União quanto à necessidade de atender o interesse público”.

A divulgação dos dados foi autorizada pelo presidente Jair Bolsonaro, após o ministro titular do GSI, Augusto Heleno, receber um alerta do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, de que a tendência era o órgão determinar a divulgação dos dados.