26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Após cortes na Educação, Bolsonaro enfrenta primeira greve nacional

Centrais sindicais já haviam convocado, para a mesma data, um protesto contra a reforma da Previdência

Dia será de protestos contra os cortes na Educação

Os cortes na educação foram a gota d’água. Professores, estudantes e trabalhadores da educação devem ir às ruas, desde a manhã desta quarta-feira, em defesa das universidades federais, da pesquisa científica e do investimento na educação básica. nas principais cidades de 26 estados e no Distrito Federal.

Centrais sindicais já haviam convocado, para a mesma data, um protesto contra a reforma da Previdência. Mas o anúncio dos cortes fez com que o movimento pela educação ganhasse “mais corpo”.

Por envolver diversos segmentos da educação, a paralisação é encarada como uma greve, mas não deve se estender para outros dias. Ela também serve como um balão de ensaio para uma greve nacional dos trabalhadores, convocada por centrais sindicais para o dia 14 de junho.

Entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes), a ANPG (Associação Nacional dos Pós-Graduandos) e a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) convocaram estudantes de todo o país a participar da mobilização de hoje.

Alagoas

Em Maceió, o grupo vai sair em caminhada pela Avenida Fernandes Lima, em direção à Praça dos Martírios. A marcha deve seguir em direção ao Centro de Maceió e ocupar uma ou todas as faixas da avenida, com os manifestantes segurando bandeiras, faixas e carro de som.

Estudantes e servidores da educação estão reunidos em frente ao Cepa, na Avenida Fernandes Lima onde realizam o ato. Nem a Ufal, nem o Ifal funcionam nesta quarta (15), e a manifestação deve ter a adesão de trabalhadores de outras áreas contra a reforma da Previdência. Também haverá ato em Arapiraca e Delmiro Gouveia.

A Universidade Federal de Alagoas informa que o Governo Federal efetuou o bloqueio orçamentário de R$ 39,5 milhões dos recursos de custeio e capital.

Esse valor representa 36,6% do orçamento de custeio e capital da UFAL que são os recursos utilizados para pagamento das despesas contratuais, água, energia elétrica, bolsas, aquisições de livros carteiras escolares, equipamentos de laboratório, etc. Foram bloqueados 30% do orçamento de custeio e 80,3% do orçamento de capital.

Se excluirmos da análise as ações de assistência estudantil, cujas despesas são restritas à assistência dos alunos em vulnerabilidade social (custeio dos alimentos do Restaurante Universitário, pagamento de bolsas), o corte representa 46,9% do orçamento da UFAL. Na IFAL, foram R$ 20 milhões.

Bolsonaro comeu chocolate que ilustrava dinheiro para Educação e Weintraub mentiu ao dizer que 35% são 3,5%

Cortes na Educação

Este é o primeiro grande protesto contra o governo Jair Bolsonaro (PSL), resultado do congelamento orçamentário que atinge recursos desde a educação infantil até a pós-graduação, com suspensão de bolsas de pesquisa oferecidas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

A Capes afirmou que vai reabrir cerca de 1.324 bolsas de pós-graduação cortadas –1.224 são de cursos com nota 6 e 7, as mais altas na escala de avaliação. As cem restantes são concedidas no exterior. Cerca de outras 3.500 bolsas, no entanto, permanecem congeladas.

Só nas universidades federais, o bloqueio anunciado foi de 30% dos recursos destinados a gastos discricionários (como água, luz e serviços de manutenção). Neste mesmo dia, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi convocado para prestar esclarecimentos sobre os cortes na Câmara.

Anteriormente, ele havia apenas sido convidado para falar em uma comissão. Agora, após a aprovação no plenário, ele é obrigado a comparecer.

Em live ao lado do presidente, Weintraub usou chocolates para explicar o “contingenciamento” de 35% dos recursos destinados a universidades federais. Mas ele errou a conta feio. Usando 100 barras de chocolate, ele tentou mostrar como iria “segurar” até setembro três barras e meia. Ou seja, apenas 3,5% do total.

Foto: Ésio Melo