26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

Com escolas abertas, professores dão aula com sintomas por temer demissão, diz presidente do Sinpro/AL

Eduardo Vasconcelos fala em bomba-relógio com escolas particulares não seguindo protocolos, alunos se aglomerando e fiscalização estadual insuficiente

Foto: Amanda Perobelli

Parte dos professores da rede particular de Alagoas demonstraram preocupação com o novo decreto do governador Renan Filho, anunciado no dia 16 de março, por ter deixado de contemplar as escolas particulares.

Apesar de mais restrições no horário de comércio, fechamento de bares e restaurantes e a inclusão de um toque de recolher, na coletiva em que apresentava as novas medidas o governador deixou claro que não vai paralisar as instituições particulares de ensino – apenas as públicas.

As aulas presenciais nas escolas particulares, portanto, continuam acontecendo no modelo híbrido, sendo presencial e on-line. Já nas escolas públicas, somente no formato online.

Sinpro quer vacinas e mais fiscalização

Foi esse tipo de tratamento que fez parte dos profissionais levantar uma série de questões sobre este decreto. O É Assim então se dirigiu ao presidente do Sinpro/AL (Sindicato dos Professores de Alagoas), o professor Eduardo Vasconcelos, que prontamente respondeu as questões.

Vasconcelos, que fez questão de lembrar que pediu também neste ano a inclusão dos professores como grupo prioritário para vacinação, critica o fato da fiscalização do poder público se concentrar nas empresas e deixar de lado as escolas.

“Para manutenção das escolas abertas, o governo precisa ser transparente com toda a sociedade, além de realizar testes em massa e o rastreamento de infectados, o que infelizmente não está acontecendo. Muitos professores estão indo trabalhar com sintomas por medo de perder o emprego e há muitas famílias mandando os filhos, possivelmente infectados ou com sintomas, para o meio ambiente escolar”. Eduardo Vasconcelos, presidente do Sinpro/AL.

Grande parte da categoria, reforça ele, está com medo. O número de casos vem aumentando tanto entre professores e estudantes e as maiores queixas são de escolas que não cumprem os protocolos sanitários.

A ocorrência de casos suspeitos de Covid entre alunos de escolas da rede particular de Maceió, por exemplo, já no mês passado, levou o Sindicato a procurar as unidades de ensino e o Ministério Público do Trabalho (MPT) para suspender as aulas destas turmas.

“Ao saber sobre esses casos, comuniquei à presidência do sindicato das escolas e ao procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Rafael Gazzaneo. Os professores estão apreensivos com essa situação. Soubemos de algumas escolas que continuam com aglomeração absurda”. Eduardo Vasconcelos.

Segundo Vasconcelos, diante de um aumento do número de casos suspeitos de Covid nas escolas, ele vai procurar o secretário de Saúde de Alagoas, Alexandre Ayres, para pedir providências.

“Têm escolas que estão seguindo os protocolos sanitários, mas algumas não. E por causa dessas que não estão seguindo, teríamos que fechar tudo novamente”. Eduardo Vasconcelos.

Fechamento ou demissões

No momento da entrevista, Vasconcelos concluía uma denúncia contra a escola Seb, segundo ele uma das que mais desrespeita os protocolos sanitários. Mas mesmo com toda esta situação, Vasconcelos está ciente de um dilema da categoria: o receio de prováveis demissões.

Vasconcelos lembra que medidas como a Lei 14020/2020, que institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda para empregados e empregadores durante a pandemia, que de certa forma resguardava o emprego, ficou apenas na sinalização.

E em um cenário em que as partes ficam entre ‘a cruz e a espada’, a suspensão das aulas presenciais implicaria ou no fechamento das instituições ou em demissões.

“Se voltar apenas para o ensino remoto, as escolas, que já sofreram uma imposição de 30% na cobrança de mensalidades – somado ao grande número de inadimplência, também uma consequência do desemprego pela Covid – não teriam outra alternativa que não apelar para um grande número de demissões, ou instituições vão fechar”. Eduardo Vasconcelos.

Vasconcelos diz que a situação é uma verdadeira bomba-relógio: escolas fazendo vista grossa e subnotificando, professores com medo de demissão indo trabalhar com sintomas gripais e famílias que não observam possíveis sintomas nos filhos. Mas que, como presidente do Sinpro, vem fazendo o possível em sua competência: denunciado todas as irregularidades.

Neste meio tempo, algumas escolas seguem com protocolos frouxos, crianças se aglomeram levando para casa possíveis contaminações e os professores, temendo perder seus empregos, seguem arriscando suas vidas e a de seus familiares nesta pandemia. E a vacinação em massa não chega.

3 Comments

Comments are closed.