26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

General Heleno diz ser “conveniente não fazer alarde” com desmatamento

‘Dados divulgados prejudicam muito a imagem do Brasil e precisam ser discutidos internamente’

General Heleno quer esconder números do desmatamento para melhorar imagem do governo

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi mais uma vez criticado pelo governo Bolsonaro, agora pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.

Como o Inpe indicou aumento de 80% no desmatamento amazônico, para desgosto do governo, o general afirmou que “se fossem dados corretos, era preocupante, seria conveniente que nós não alardeássemos isso”.

Heleno afirmou que “esses dados divulgados prejudicam muito a imagem do Brasil” e sugeriu que “nós cuidássemos do problema internamente, procurássemos corrigir o que está errado”.

“É falta de honestidade intelectual de boa parte da imprensa de divulgar a notícia. A notícia é para ser divulgada, a imprensa é para informar, mas ela tem que pautar a informação na honestidade intelectual”. General Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Resumo da ópera: ele quer esconder os fatos e continuar agindo de forma errada. Tudo pela “imagem”. Tudo isso em um evento com Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo,o presidente da República,Jair Bolsonaro, e os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles e GSI, Augusto Heleno, durante coletiva de imprensa, sobre os dados do Inpe.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, rebateu hoje (1°) a informação de que houve aumento de 88% no desmatamento em junho deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado.

“Essa questão do desmatamento, para nós, ela é apolítica. Não se trata de alocar os números de desmatamento neste governo ou em outros, mas simplesmente dizer que isso não aconteceu em junho de 2019 e que, portanto, o percentual do salto de 88% que foi alardeado está equivocado. Isso deveria ter sido computado ao longo do tempo no período em que foi acontecendo, e a fragilidade do sistema não permitiu”. Ricardo Salles, ministro do meio Ambiente.

Já Bolsonaro subiu o tom contra o presidente do Inpe, Ricardo Galvão, afirmando que, se ele “quebrou a confiança, vai ser demitido sumariamente”. Para eles, os números são para “atingir o nome do Brasil e o governo”.

Ministro Salles alega que 1/3 do desmatamento de junho ocorreu em anos anteriores. Foto: Marcos Corrêa/PR

Inpe

Com base nos satélites que capturam o desmatamento e acoplam seus dados no sistema Deter-B, o INpe mostrou que mais de mil quilômetros de floresta na Amazônia foram derrubados naquele período, número 68% maior que o mês de julho do ano passado.

Até o dia 26 de julho, última data computada pelo sistema, o Deter-B registrou 1.864 km² de desmatamento na Amazônia. A título de comparação, o Inpe registrou, em todo o ano de 2018, 7.536 km² de desmatamento no bioma.

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão, rebateu as críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, que acusou o órgão de pesquisa de mentir sobre dados de desmatamento e de estar “agindo a serviço de uma ONG”. Disse também que não deixará o cargo.