26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

‘Não é fake news, é meme’: Bolsonaristas se fazem de desentedidos ao dizer que Jair salvou Rainha

Tática tenta desviar da mentira que levou 22% das pessoas a acreditarem que Bolsonaro realmente influenciou Putin e trouxe paz ao mundo

O entorno de Jair Bolsonaro, que ganhou uma eleição mentindo e desinformando, manteve seu governo na mesma tocada e, claro, pretende ser reeleito com a mesma tática.

A única diferença é a de que instruíram o gado a dar novo nome ao boi: “não é fake news, é meme“.

Na semana passada, em viagem à Rússia, o perfil do presidente anunciava sua chegada com uma imagem da CNN Brasil, noticiando recuo das tropas russas.

Se aproveitando das circunstâncias, o próprio Jair nunca negou ter participação no dito recuo das tropas (além dele não ter influência, o recuo foi falso e a guerra segue de pé).

Em entrevista, disse que pode ter sido coincidência “ou não”. Mas isso foi bem depois do termo #BolsonaroEvitouAGuerra viralisar. Isso graças à máquina de desinformação bolsonarista, que com pessoas influentes, como deputados, minitros e membros do Klan (apelido meme da Jovem Pan) replicaram a notícia da CNN Brasil:

A afirmação é tão absurda, tão sem sentido e tão idiota que só desenganado para cair. Uma parcela que acredita estar num governo livre de corrupção ou que lutou contra um kit escolar de doutrinação homossexual. Uma parcela da população tão ingênua que não tomaria vacina numa pandemia e iria preferir tomar remédio de verde ou para lúpus contra um vírus…

Espera.

Mas foi exatamente isso o que aconteceu. Na mesma manhã em que a CNN desmentia a notícia dada por bolsonaristas, de forma sonsa eles disseram não ser notícia. “Era meme”, juravam eles.

Segundo levantamento exclusivo da Quaest para a CNN, 22% das pessoas que interagiram nas redes sociais sobre a viagem do presidente à Rússia acreditaram ou escreveram que ele foi o responsável pelo recuo das tropas russas na fronteira com a Ucrânia.

Curisoamente, esta parcela de 22% é aquela que ainda apoia e segue autorizando Bolsonaro:

Se fazendo de sonsos, já falando das eleições 2022 (com o presidente muito atrás nas pesquisas), o foco da vez é lançar uma monte de absurdos, que possam ser passados de forma crível ou não, para minimizar os efeitos da “fake news” ou serem chamados de mentirosos.

Bolsonaro não se vacinar (apesar de esconder o cartão de vacinação) e dizer que vacina faz virar jacaré (apesar de toda sua família e entorno estar bem) não é mentira, é meme.

Culpar ICMS dos estados pelo preço da gasolina não é mentira, é meme. A caixa-preta do BNDES (que gastou uma fortuna para nada encontrar não passou) de um meme.

Claro, também tem os forçados, como dizer que a rainha Elizabeth II, com câncer, tomou medicação indicada por Bolsonaro… e assim fazer brilhar a #BolsonaroSalvouARainha:

Mentiras e desinformações

Está tudo no discurso de pura desinformação. De influenciadores do governo ou mesmo gente de dentro dele brincando com desinformação, com piadas, agindo como se estivessem “mitando” em pura zoação no governo do país.

De volta com a presidência de Trump, e ainda presente em governos de direita, o termo fake news começou, curiosamente, com Adolf Hitler. Opositores e imprensa que batiam de frente contra o líder nazista eram chamados de “Lügenpress”, literalmente fake news.

Mas, o que deveria ser um assunto sério, acaba como piada. Uma falta de vergonha. Não só o cidadão médio consegue saber o que seria verdade, pois governo e imprensa aliada ajuda e muito na desinformação. Tudo uma grande piada. Que não tem graça.