Um novo estudo da Proceedings da Academia Nacional de Ciências indica que as pessoas que cumprem as diretrizes de distanciamento social na pandemia da covid-19 têm melhor capacidade de memória operacional, que é um indicador de inteligência.
“Isso sugere que os formuladores de políticas precisarão considerar as habilidades cognitivas gerais dos indivíduos ao promover comportamentos de conformidade, como usar máscara ou envolver-se em distanciamento físico”. WeiWei Zhang, professor associado de psicologia da Universidade da Califórnia em Riverside.
A capacidade da memória de trabalho mede quanta informação pode ser mantida na mente por breves momentos e está fortemente correlacionada com inteligência, compreensão e solução de problemas.
Entende-se ainda a memória de trabalho como um componente cognitivo ligado à memória, que permite o armazenamento temporário de informação com capacidade limitada.
“Propomos que essa falha na distância social possa estar associada à limitação da capacidade mental de reter simultaneamente várias informações na memória de trabalho”. Trecho do estudo da Califórina.
O trabalho afirma que pessoas com mais memória de trabalho aumentam a conscientização sobre os benefícios (versus os custos) do distanciamento social.
A pesquisa foi realizada no final de março, com 850 participantes, que preencheram questionários sobre demografia e práticas de distanciamento social e concluíram testes de personalidade e capacidade cognitiva.
Memória de trabalho
A correlação entre memória de trabalho e comportamento social de distanciamento é tão forte que a memória de trabalho dos indivíduos prediz seu comportamento social de distanciamento, mesmo quando se controla os níveis de educação, humor, personalidade e renda.
A pesquisa destaca que o distanciamento social ainda é uma decisão trabalhosa que envolve memória de trabalho, em oposição a um hábito social que não depende da cognição no momento.
O objetivo dos pesquisadores não é envergonhar o suposto QI baixo de quem não pratica o distanciamento. O objetivo é identificar por que algumas pessoas não praticam o distanciamento social e facilitar estratégias para melhorar a conformidade geral durante esta pandemia.
Zhang sugere que as campanhas públicas sejam “sucintas, concisas e breves” para evitar a sobrecarga de informações.
Trump e Bolsonaro
No trabalho, Zhang melhor promoção nas campanhas de distanciamento. Mas, claro, deve-se levar em consideração a sabotagem de líderes mundiais que são negadores da pandemia. Os dois maiores do mundo nesta categoria são Donald Trump, presidente dos EUA, e Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.
Trump usou máscara em público pela primeira vez na semana passada. Ele acredita que tudo não passa de uma conspiração chinesa para afetar a economia do mundo e já fala em parar de fazer testes ou anunciar números de contaminados. A solução dele, portanto, é deixar o problema embaixo do tapete.
Após a realização desta pesquisa de março, Trump sugeriu detergente no pulmão de infectados pelo novo coronavírus. A lógica dele é: se o vírus morre em contado com sabão, por que não ingerir? Como milhares acreditam em Trump, nos dias seguintes, subiu assustadoramente o número de pessoas internadas após a ingestão de água sanitária.
Quem também ouve Trump é Bolsonaro: ambos são simpatizantes da cloroquina e o remédio, já vetado nos EUA, foi empurrado para o Brasil. E assim que anunciou ter ficado doente, com orgulho, Bolsonaro fez propaganda do medicamento contra a doença que chegou a chamar de gripezinha.
Ambos estão mais preocupados com a Economia do que com a Saúde e negam a necessidade do distanciamento. Bolsonaro vai além: ele acredita que máscara é coisa de viado.
Hoje, EUA e Brasil são epicentros mundiais da Covid-19. Nos Estados Unidos já são quase 3,5 milhões de casos confirmados e mais de 135 mil mortos. Por aqui, espera-se que hoje ou amanhã saia a confirmação de que já passamos de 2 milhões de casos confirmados. Mortos, são quase 75 mil.