28 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Segundo estudo, pessoas que fazem distanciamento social na pandemia são mais inteligentes

Pesquisa mostrou que quem não usa máscaras ou duvida da pandemia teria capacidade de compreensão inferior

Um novo estudo da  Proceedings da Academia Nacional de Ciências  indica que as pessoas que cumprem as diretrizes de distanciamento social na pandemia da covid-19 têm melhor capacidade de memória operacional, que é um indicador de inteligência.

“Isso sugere que os formuladores de políticas precisarão considerar as habilidades cognitivas gerais dos indivíduos ao promover comportamentos de conformidade, como usar máscara ou envolver-se em distanciamento físico”. WeiWei Zhang, professor associado de psicologia da Universidade da Califórnia em Riverside.

A capacidade da memória de trabalho mede quanta informação pode ser mantida na mente por breves momentos e está fortemente correlacionada com inteligência, compreensão e solução de problemas.

Entende-se ainda a memória de trabalho como um componente cognitivo ligado à memória, que permite o armazenamento temporário de informação com capacidade limitada.

“Propomos que essa falha na distância social possa estar associada à limitação da capacidade mental de reter simultaneamente várias informações na memória de trabalho”. Trecho do estudo da Califórina.

O trabalho afirma que pessoas com mais memória de trabalho aumentam a conscientização sobre os benefícios (versus os custos) do distanciamento social.

A pesquisa foi realizada no final de março, com 850 participantes, que preencheram questionários sobre demografia e práticas de distanciamento social e concluíram testes de personalidade e capacidade cognitiva.

Memória de trabalho

A correlação entre memória de trabalho e comportamento social de distanciamento é tão forte que a memória de trabalho dos indivíduos prediz seu comportamento social de distanciamento, mesmo quando se controla os níveis de educação, humor, personalidade e renda.

A pesquisa destaca que o distanciamento social ainda é uma decisão trabalhosa que envolve memória de trabalho, em oposição a um hábito social que não depende da cognição no momento.

O objetivo dos pesquisadores não é envergonhar o suposto QI baixo de quem não pratica o distanciamento. O objetivo é identificar por que algumas pessoas não praticam o distanciamento social e facilitar estratégias para melhorar a conformidade geral durante esta pandemia.

Zhang sugere que as campanhas públicas sejam “sucintas, concisas e breves” para evitar a sobrecarga de informações.

Trump e Bolsonaro

No trabalho, Zhang melhor promoção nas campanhas de distanciamento. Mas, claro, deve-se levar em consideração a sabotagem de líderes mundiais que são negadores da pandemia. Os dois maiores do mundo nesta categoria são Donald Trump, presidente dos EUA, e Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.

Trump usou máscara em público pela primeira vez na semana passada. Ele acredita que tudo não passa de uma conspiração chinesa para afetar a economia do mundo e já fala em parar de fazer testes ou anunciar números de contaminados. A solução dele, portanto, é deixar o problema embaixo do tapete.

Após a realização desta pesquisa de março, Trump sugeriu detergente no pulmão de infectados pelo novo coronavírus. A lógica dele é: se o vírus morre em contado com sabão, por que não ingerir? Como milhares acreditam em Trump, nos dias seguintes, subiu assustadoramente o número de pessoas internadas após a ingestão de água sanitária.

Quem também ouve Trump é Bolsonaro: ambos são simpatizantes da cloroquina e o remédio, já vetado nos EUA, foi empurrado para o Brasil. E assim que anunciou ter ficado doente, com orgulho, Bolsonaro fez propaganda do medicamento contra a doença que chegou a chamar de gripezinha.

Ambos estão mais preocupados com a Economia do que com a Saúde e negam a necessidade do distanciamento. Bolsonaro vai além: ele acredita que máscara é coisa de viado.

Hoje, EUA e Brasil são epicentros mundiais da Covid-19. Nos Estados Unidos já são quase 3,5 milhões de casos confirmados e mais de 135 mil mortos. Por aqui, espera-se que hoje ou amanhã saia a confirmação de que já passamos de 2 milhões de casos confirmados. Mortos, são quase 75 mil.