Capa da Revista Veja desta semana, o ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo, Fábio Wajngarten, praticamente jogou todos os erros e omissões desta pandemia nas costas do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.
Segundo Wajngarten, todo o fracasso do governo no combate à pandemia foi culpa de Pazuello e sua “ineficácia” e “incompetência” durante o comando da pasta.
Pfizer
Wajngarten declarou à revista Veja que, em setembro, do ano passado, quando o coronavírus já tirava a vida de 750 brasileiros por dia, ele soube que a Pfizer enviara uma carta ao governo oferecendo a venda de 70 milhões de doses de vacinas, mas que o Ministério da Saúde ignorou.
Na entrevista ele diz que levou o assunto ao presidente, que o autorizou a negociar com a farmacêutica. Teria havido diminuição no preços e melhores condições de contrato, mas, mesmo assim, o negócio não prosperou.
O presidente, no entanto, publicamente criticou o contrato com a Pfizer, dizendo que uma cláusula (padrão) isentava a empresa por problemas com efeitos colaterais. Foi quando o presidente falou em pessoas virando jacaré ou mulheres crescendo barba.
Manda quem pode
Pazuello, claro, que não é santo, foi o mesmo ministro que anunciou aos governadores a compra da Coronavac, do Instituto Butantan, apenas para o presidente Jair Bolsonaro o renegar publicamente. À época, o presidente afirmava que a vacina chinesa nunca seria comprada.
O então ministro recuou do anúncio, desistiu da compra e ao receber o presidente em casa, enquanto se recuperava da covid, afirmou: manda quem pode, obedece quem tem juízo.
CPI
Parlamentares de diversos partidos já iram a entrevista como um jogo combinado com o governo para livrar Bolsonaro de responsabilidades – que, convenhamos, são difíceis de negar. Confira algumas das reações:
A entrevista do ex-assessor de Bolsonaro à @VEJA parece combinada. Entrega a cabeça do Pazuello e protege o presidente.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) April 23, 2021
A entrevista de Wajngarten a @VEJA é + uma prova do desepero de Bolsonaro c/ a CPI da Covid. O objetivo é exclusivamente atribuir TODA culpa pelo fracasso na vacinação a Pazuello, que nunca passou de um mero despachante. Como disse o próprio general: um manda, o outro obedece.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) April 23, 2021
A Operação Pazuello ao Mar – ou à prisão – é uma das mais peças de trairagem e vigarice da política brasileira. Houve incompetência? Muita! Aliás, todo o governo é um poço de incompetência. Mas houvep, sobretudo, omissão criminosa e sabotagem por ORDEM de Bolsonaro, o GENOCIDA! pic.twitter.com/jNq7YjNicN
— Orlando Silva (@orlandosilva) April 23, 2021
Covarde, Wajngarten segue flertando com o fascismo, tenta aliviar para Bolsonaro e ferrar Pazuello. Não cola!
Não houve incompetência, foram ações intencionais, genocidas de sabotagem das vacinas e promoção da disseminação vírus. pic.twitter.com/A204ZjsfBE— Nilto Tatto – #ForaBolsonaro (@NiltoTatto) April 23, 2021
O ex-secretário de Comunicação do governo tenta agora convencer que @jairbolsonaro foi uma vítima do grupo Pazuello q teria travado a compra da Pfizer.
Pazu é aquele general q posou ao lado chefe mostrando ser apenas um servo: “um manda,outro obedece”.https://t.co/tKcFpl7Xuf
— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) April 23, 2021
Pazuello tem culpa sim, mas deixa-lo como boi de piranha é mais uma covardia do Bolsonaro. Já Wajngarten à frente da SECOM reforçou a narrativa de minimização da pandemia a serviço do genocida. Daí não se salva um, mas é importante que falem. Que venha a CPI.
— Ivan Valente (@IvanValente) April 23, 2021