27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Universidade diz que indicado por Bolsonaro ao STF mentiu no currículo

No Senado, Marques já chegou a mencionar que não há exigência de formação em Direito para que alguém assuma o posto

Aconteceu novamente: assim como Decotelli, que não assumiu o MEC meses atrás, o currículo acadêmico apresentado pelo desembargador Kassio Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), traz um curso de pós-graduação que não é confirmado.

No documento que enviou ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), e publicado no site da Corte, Marques menciona que concluiu pós-graduação em “Contratación Pública”, pela Universidad de La Coruña. A instituição, porém, informou que não oferece nenhuma pós-graduação deste curso.

A Universidad de La Coruña, na Espanha, possui na verdade uma cópia de um certificado mostrando que o desembargador participou apenas de um curso de quatro dias, entre 1 e 5 de setembro de 2014.

Chama ainda a atenção o fato de Kassio Marques, com 48 anos de idade, ter concluído o doutorado apenas 11 dias atrás e já possuir dois pós-doutorados consumados em sua carreira acadêmica.

O desembargador também não faz uso de um instrumento regularmente utilizado para comprovar a experiência acadêmica, o currículo Lattes, ferramenta básica usada para atestar, com detalhes, a formação e vida acadêmica.

Senado

Os questionamentos ao currículo já chegaram ao conhecimento de Kassio Marques. Na audiência virtual que teve hoje com sete senadores, o desembargador chegou a fazer comentários aos parlamentares sobre os cursos de pós-graduação.

Segundo um senador presente na reunião, o desembargador teria demonstrado preocupação com a repercussão que esse tema poderia ganhar, mas disse aos senadores que, caso ocorresse qualquer polêmica, ele já tinha as justificativas.

Em dado momento, Marques chegou a mencionar, inclusive, que não há exigência de formação em Direito para que alguém assuma o posto de ministro do STF, mas sim reputação ilibada.