27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Apesar da pandemia, Bolsonaro diz que novo coronavírus é ‘superdimensionado’

Mesmo com as perdas desastrosas do dia anterior, presidente afirma que “Brasil começou a se arrumar em sua economia”

Em discurso para 300 apoiadores nos EUA, o presidente Jair Bolsonaro acredita que o coronavírus é superdimensionado. Mesmo com o risco de pandemia, milhares de mortes no mundo e fechamentos de lugares públicos, como cinemas e estádios de futebol, podendo até mesmo adiar ou cancelar competições esportivas como a Euro Copa ou Olimpíadas.

Antes de tudo, ele creditou ao derretimento global dos mercados nesta segunda-feira (9), que só pra Petrobrás significou R$ 90 bilhões de valor de mercado, como resultado exagerado à reação da epidemia de coronavírus, mas não a crise do petróleo provocada por Rússia e Arábia Saudita.

Claro, na verdade, o coronavírus, presente hoje em 97 países, é o pivô de uma desavença entre Arábia Saudita e Rússia, duas das maiores produtoras mundiais de petróleo do mundo.

Por conta da epidemia, que já contabiliza 105 mil casos no mundo (25 no Brasil), com 3,8 mil mortes, milhares de indústrias paralisaram suas produções, escolas fecharam, cidades inteiras foram colocadas em quarentena, o que acarretou em forte redução no consumo de combustíveis fósseis.

Diante da queda na demanda, o preço do barril de petróleo começou a declinar e a Arábia Saudita propôs que os produtores diminuíssem em 1,5 milhão de barris a sua produção diária, para controlar o preço. A Rússia não aceitou a proposta.

Em retaliação, o país árabe ordenou que sua petrolífera passasse a produzir à máxima capacidade e inundou o mercado de petróleo, o que derrubou o preço do barril em 30% e provocou um efeito cascata nas bolsas de valores ao redor do mundo nessa segunda-feira.

A queda foi tão forte que o acumulado de baixas na Bovespa nas últimas semanas anulou todos os ganhos de investidores na bolsa desde o início do governo Bolsonaro. Aos apoiadores, no entanto, o presidente buscou desconectar o país do movimento negativo global.

“Os números vêm demonstrando que o Brasil começou a se arrumar em sua economia. Obviamente os números de hoje, a queda drástica da Bolsa de Valores no mundo todo, têm a ver com o petróleo que despencou, se eu não me engano, 30%. Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado o poder destruidor desse vírus, então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica. Mas não é que o Brasil vai dar certo, já deu certo”. Jair Bolsonaro, presidente.

Nos Estados Unidos, há mais de 600 casos, com duas mortes na Flórida, onde Bolsonaro passou os últimos 3 dias. O presidente Donald Trump, com quem Bolsonaro jantou no sábado, tem dito que a epidemia é alarmismo midiático e que mais pessoas morrem proporcionalmente de gripe no país do que poderiam morrer de coronavírus. O que já deixou de ser verdade.