26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Decretos na pandemia só chegarão ao fim quando negacionistas se vacinarem ou morrerem de Covid

Variante ômicron é mais contagiosa e maior número de infectados implica em mais doentes graves e chances maiores de afetar até mesmo os já vacinados

Desde a confirmação da nova variante, ômicron, mas contagiosa do que as anteriores, o Brasil e o mundo vive uma reprise nesta longa pandemia de Covid-19: o fantasma da necessidade de decretos de distanciamento social ou lockdown para evitar a superlotação em hospitais e morte de contaminados.

Com diversas capitais cancelando celebrações de réveillon, sendo todas no Nordeste (menos a de Alagoas) e o aguardado fim da obrigatoriedade do uso de máscaras sendo deixado de lado, a população é mais uma vez atingida nesta crise. Uma verdadeira frustração para os que acreditavam no fim disso tudo com a vacinação.

E aparentemente, esse sequência de reprises que pode novamente implicar em fechamento de bares, restaurantes, cinemas ou arenas esportivas, está nos não-vacinados. Seja os sem acesso ou os que simplesmente não querem isso.

Variantes e não-vacinados

O problema disso tudo é que o mundo não está plenamente vacinado. Nem países mais ricos (apesar da recessão, o Brasil está nesse bolo) e muito menos os mais pobres, em especial os africanos, que não receberam doses doadas, apesar de apelos da OMS. Um cenário ideal para a chegada de novas variantes.

Enquanto tinha desinformado, idiota ou criminoso defendendo (até hoje) imunidade de rebanho, a mutação para novas variantes sempre esteve em jogo. E em locais de contaminação disseminada, isso acabou acontecendo: Gama em Manaus, Delta na Índia e agora a Ômicron na África do Sul. Algo que é ruim para vacinados e pior ainda para quem não é.

A nova variante carece de novos estudos, mas segundo dados preliminares de Israel, tudo indica que apesar de mais contagiosa, ela tem letalidade em vacinados semelhante à delta. Ou seja: quem recebeu a seringa na agulha, tem 95% de chances de não desenvolver um caso grave.

Só que com quase 40% da população sem ter tomado a 2ª dose (mais de 25% não tomaram a primeira), as chances de um vacinado, a pessoa que fez tudo certo nesta pandemia, se contaminar de forma grave é mais alta, pois terá mais contado com pessoas de baixa imunidade. E como não-vacinados tem maior chance de se contagiar, estas interações aumentam mais ainda.

Negacionistas de alto escalão

O Brasil é presidido por um negacionista teimoso, que de forma imbecil declara mundialmente que não se vacinou e que nem vai se vacinar.

Assim como parentes mais próximos, incluindo seus filhos e até mesmo a própria mãe (que ele mentiu descadaramente sobre a origem da vacina, que foi Coronavac), Bolsonaro já recebeu a imunização.

Isso teria acontecido em dezembro do ano passado, quando médicos alertaram para seus problemas de saúde, muito em decorrente do atentado a faca. O retorno, quatro semanas depois, aconteceu após um vazamento acidental do Ministério da Saúde.

Curiosamente, neste mesmo período foi imposto um sigilo de 100 anos em seu cartão de vacinação. O que ele disse não ter “nada de esquisito, nada de anormal”. Claro, isso se for levado em conta que ele está escondendo algo que eu, você, seus filhos e ninguém hoje estará vivo quando o sigilo for rompido.

E revelar que foi vacinado seria um sinal de fraqueza e declaração de seus erros nesta pandemia: sobre imunidade natural de rebanho, menos mortos do que com a H1N1 e tratamento precoce. Fora que até mesmo o gado fechado com ele ficaria irritado se descobrisse que, depois de tanto tempo e falando o contrário, ele estivesse vacinado.

Leia mais: Para nunca esquecer: Bolsonaro e Osmar Terra são responsáveis diretos pelo caos da pandemia no Brasil

Isso sendo verdade, que Bolsonaro realmente se vacinou, mostraria que ele é ruim. Vil, psicopata, irresponsável, e inescrupuloso – e que liga vacinação contra Covid à Aids.

Claro, há também a chance dele também ser só um teimoso imbecil que não acreditou na ciência e que nunca se vacinou. Sendo este o caso, há ainda a chance desta teimosia e imbecilidade serem levadas ao túmulo mais cedo do que antes.

Decreto vs vacinação ou morte

O Brasil, por sorte, é referência mundial em campanhas de vacinação. Apesar do atual presidente jogar contra, nossa população é a mais interessada em se vacina. Somos, afinal, o país do Zé Gotinha. Só que a campanha de negacionismo e desinformação tem cobrado sem preço. E já vemos isso em outros países.

A Alemanha, por exemplo, decretou lockdown hoje. Mas com uma pegadinha: apenas para quem não se vacinou. Ou seja, ficará de castigo todo mundo que durante meses se recusou a tomar a porcaria da vacina e nos ajudar a sair dessas.

Há países na África sem opção, mas na Europa e no Brasil há milhões que esqueceram a segunda dose e não querem nem a primeira (pior que por aqui ainda preferem ivermectina).

E com a perda da celebração de mais um Réveillon e outro ano sem Carnaval, chegamos em um ponto que é preciso falar: ou mais pessoas se vacinam ou vamos seguir nos prejudicando pelas pessoas que mentem ou são enganadas sobre a segurança e necessidade da vacina.

Ninguém quer fechamento de bares e restaurantes. Não há um governante cruel que queira estádios vazios, cinemas fechados e toque de recolher. Infelizmente, é uma situação que se mostrou necessária porque não há vacinados o suficiente.

E com a ômicron, aparentemente mais contagiosa, entre estes não-vacinados teremos um número maior de doentes, que vão lotar nossos hospitais, sobrecarregar profissionais de saúde e, pior, de forma egoísta aumentar, proporcionalmente, as chances contaminação letal em quem se vacinou.

Difícil acontecer, mas o Brasil precisa seguir o exemplo da Alemanha e colocar de castigo os não vacinados. Punir apenas eles, não todos. E impor a obrigação da vacinação, pois ninguém aguenta mais esta situação.

Uma situação mais drástica, e que parece ser patrocinada por cá a nível federal, é a morte de mais pessoas. Infelizmente, vacinados seguem, em tese, com 95% de chances de desenvolver a forma mais grave.

Só que se essa ômicron for mesmo mais contagiosa e for se alastrar entre os não-vacinados, decretos vão acabar simplesmente porque quem teria que morrer, morreu. O que seria uma pena, uma forma estúpida e desnecessária de acontecer. Tudo por causa de desinformação, de lendas, de mentiras, de um mito.

Cansado de decretos e medo do passaporte da vacinação? Se imuniza logo. É de graça. Ou morre de vez. Mas que não morram mais centenas de milhares. Basta um influente negativo morrer sem ar que talvez esse pesadelo termine por aqui.