20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaristas criticam Venezuela e Cuba, enquanto defendem ditadura no Brasil

Madrugada intensa de postagens nas redes ignoram relação de miséria, corrupção, militarismo e protestos com o governo Bolsonaro

Neste sábado, o É Assim cantou a bola da hipocrisia da vez entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro: que é preciso proibir as eleições do próximo ano e que os militares façam uma intervenção imediata, ou o Brasil vai virar uma Venezuela.

Obtusos na interpretação da mensagem, o grupo substitui a realidade e substitui pela as que preferem: como não ver relações de um regime ditatorial com a que vive o governo Bolsonaro?

Ontem (11) , milhares foram às ruas de diferentes cidades de Cuba para gritar “liberdade” e “abaixo a ditadura”. O motivo eram as frustração por meses de crise, restrições devido à Covid e acusações de negligência do governo.

Leia mais: Ameaçar as eleições é a nova motivação daqueles que não queriam “Brasil virar Venezuela”

Nada de muito diferente por aqui. Apesar dos que dizem o contrário. A repressão aos protestos veio na forma dos agentes de segurança cubano, que tomaram as ruas nesta madrugada. Mas a bola da vez é a seguinte: com a população desarmada, não há como lutar contra um governo de tiranos.

A conclusão é de Allan dos Santos, fundador do Terça Livre, que depois de depor na CPI das Fake News, ignorou o lema “Brasil, ame-o ou deixe-o” e assim como Abraham Weintraub fugiu do país assim que pode.

Vamos falar sobre as armas? Em Recife, justamente no dia de protestos contra o presidente, duas pessoas perderam um olho cada por causa de balas de borracha disparadas pela PM. Como estarem armadas seria diferente? O que este deputado federal, em julho de 1995, conseguiu impedir, quando foi assaltado, mesmo estando armado?

Assalto sofrido por Bolsonaro em 1995 culminou com a morte misteriosa de um bandido e de sua família

Em tempo: em um governo sem convicções, onde posições ideológicas mudam rapidamente (a justificativa de hoje é praticamente “rouba, mas tirou o PT”), é importante lembrar que um certo presidente que não quer permitir as eleições, pois teme perder no voto democrático, um dia já chamou Hugo Chávez de esperança para a América Latina.

Não só isso como foi além: afirmando não ser contra comunistas, o presidente dizia na época que, na verdade, “não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar”.

Acervo do Estadão (portanto, claro, não é montagem nem fake news)

Após ser considerado corno, muambeiro e responsável por planejar um atentado terrorista, Bolsonaro escapou do Tribunal Militar, sendo vereador em 19891 e deputado federal pelo Rio de Janeiro em 1991. Como grandes feitos, teve a ideia de legalizar a milícia. Ou prometer que se fosse presidente, mataria mais de 30 mil em uma guerra civil.

Bolsonaro então aparelhou o Brasil quando eleito: destruiu a Educação (a percepção é a de que universitário é tudo maconheiro), destruiu a Ciência (mexeu no Inpe, retirou dinheiro de pesquisas), destruiu o Meio Ambiente (Brasil passa por estiagem após queimas recordes no Amazonas e Pantanal), destruiu a Economia (tudo subiu, menos nosso salário) e destruiu a Saúde (sem comentários).

Bolsonaristas precisam acordar com urgência: o Brasil está afundado em uma grave crise (inclusive econômica, a que tanto atentam) e perigamos perder nosso maior direito democrático, o voto. Pode até não ser de esquerda, mas não se enganem. A Venezuela é aqui.