Quando o deputado Artur Lira (PP), presidente da Câmara, decidiu endurecer o jogo para cima de Jair Bolsonaro, ele sabia exatamente o que estava querendo.
A barganha funcionou. O Centrão não apenas derrubou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, como ainda tirou da articulação política o general Luiz Eduardo Ramos.
O líder do Centrão queria uma pessoa pra chamar de “sua” dentro do Palácio do Planalto. Foi aí que Ramos caiu da Casa Civil e Arthur emplacou sua amiga Flávia Arruda (PL-DF) como a nova ministra do Gabinete Civil.
Arruda é esposa do ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, antigo membro do Centrão que chegou a ser preso na Papuda por corrupção.
Ela vai despachar na ante sala do gabinete do Presidente da República. Com direito a ouvir tudo. Até os roncos.
E não é só. O bloco liderado pelo presidente da Câmara avança e mira mais dois ministérios. O do Meio Ambiente, onde Ricardo Salles, é tido como o pior ministro da área em todos os tempos, graças aos desastres causados na Amazônia, e pasmem: O Ministério da Economia, do ex-posto Ipiranga, Paulo Guedes.
Lira e companhia descobriram que Guedes está fragilizado no Planalto. Por isso mesmo fizeram o engessamento do Orçamento da União, ao ponto do ministro ir ao Presidente dizer que da forma como a Câmara aprovou, “o orçamento está totalmente inexequível”.
Principalmente os R$ 43 bilhões de emendas impositivas reservadas pelo Congresso para os seus membros.
Guedes inclusive andou tentando ser o articulador político do governo, mas o Centrão não lhe deu asas. E agora os líderes querem desmembrar o Ministério da Economia para fragilizar ainda mais o ministro. A ideia é forçá-lo a ir embora.
O fato é que, enquanto Jair Bolsonaro mergulha no mangue sem fim por absoluta falta de capacidade de gestão, o Centrão navega em águas renovadas sabendo que tem nas mãos um presidente que só pensa naquilo. Isto é, na reeleição.
E assim o capitão vai ter que bater continência para o presidente da Câmara e companhia – a todo instante.
Não sendo assim, “os remédios políticos serão amargos”, como disse o próprio Arthur Lira