20 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Uma escolha muito fácil (mas tomada por um exército de extremistas, hipócritas e/ou descerebrados enganados)

De um lado Lula, e do outro Jair, um misógino que categoriza quais mulheres estupraria que é apreciado por neonazistas ou KKK, de governo corrupto e que usa a bíblia para enganar o gado

Estamos na última semana do segundo turno da eleição presidencial que opõe duas candidaturas que se nutriram dos antagonismos que hoje parecem predominar na sociedade brasileira: os que estão certos e os que estão errados.

Exato: pode até não parecer para alguns, mas é gritante a diferença que temos dentre opções hoje. E se você já está fechado com um candidato, paciência, faça o seu. Mas você está indeciso? Vai de nulo ou nem mesmo irá até as urnas? Por favor, senta um pouquinho e pensa melhor.

Não é a primeira vez desde a redemocratização do País que, dentre os candidatos disponíveis, ao menos um deles destoa como “a melhor opção”, mas nunca tivemos certeza tão gritante.

De um lado, o extremista Jair Bolsonaro (PL), mentiroso compulsivo, misógino que categoriza quais mulheres estupraria ou não, racista apreciado por neonazistas e até o KKK, adepto de falas controversas que dão a entender que ele seria adepto de pedofilia, canibalismo ou genocídio, falso cristão que usa a palavra da Bíblia para enganar sobre ser um “cidadão de bem”, desumano negador da pandemia que até hoje ri ou mente sobre ações, gravidades ou vidas perdidas, corrupto com ligações milicianas que permitiu a compra de mansões para família ou votos no congresso, antidemocrata defensor da ditadura que só segue a Constituição por ser um “escravo” dela; de outro, Lula (PT).

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Seria extremamente fácil para o eleitor decidir entre um e outro – claro, se não fossem os extremos. No caso de Bolsonaro, além de todo o chorume em seu entorno, mesmo o mais fiel dos eleitores tem dificuldade em apontar algo de positivo em seu governo.

Não uma mentira que ele adotou pra si, como o Pix (do governo Temer e que Jair achava ser brevê de piloto), o auxílio emergencial (que ele não só queria um valor menor, como também lutou contra o Congresso pela medida, até ver que seria algo popular) ou a falácia do fim da corrupção em seu governo (ter que desmentir essa afirmação é até insano diante de tantas provas, mesmo com sigilos centenários).

Nas vezes em que é questionado sobre pandemia, corrupção ou seus gastos no cartão corporativo que alimentam férias no jet-ski enquanto populações eram desabrigadas ou morriam afogadas, ele era ofensivo, gritava, acusava, mudava de assunto, aparecia ao lado de um pastor ou falava de Venezuela ou mesmo admitindo não ser o mais apto ao cargo.

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Mas com frases feitas e de pouco sentido, conseguiu pra si um exército de hipócritas (um gado que apesar de dizer o contrário, vive sua vida de forma corrupta e alimentada com o “jeitinho brasileiro” de sempre levar vantagem pessoal), fanáticos religiosos incapazes de notar a contradição de suas atitudes com o que dizem as escrituras, que entoam mantras batidos como “eu autorizo”, “nossa bandeira nunca será vermelha” ou “vá pra Cuba” e “o Brasil vai virar a Venezuela”.

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No caso de Lula, há todos os aspectos positivos de seus oito anos como presidente, que após anos de retórica mentirosa e deturpada, ganhou ares de “pior período do Brasil”. O que não tem sentido, diante de todos os índices positivos, aumentos frequentes de salário mínimo, quedas do dólar e dívida externa, além de “contradições ao comunismo”, como o período em que bancos viviam lucrando e a adoção de leis como a de Liberdade Religiosa ou instituição do dia da Marcha para Jesus.

Claro, quem questiona os milhares de reais individuais do mensalão ou petrolão de forma conveniente fecha os olhos para as emendas do relator, o dito “orçamento secreto” (que foi sim uma criação do governo Jair), uma hemorragia de bilhões de reais para deputados, senadores e seus aliados, esgoelando setores vitais como Ciência, Tecnologia, Educação e Meio Ambiente.

É até compreensível que alguém fale do “roubo trilionário no BNDES” (apesar da auditoria que, mesmo inquisitória, nada encontrou) e do mensalão para lidar com o Centrão como provas gritantes, pois estas são “fáceis” de entender.

Difícil é conceber que, de forma secreta, um deputado pode tirar do orçamento de uma pasta (digamos, Saúde) e realocar esse dinheiro para onde bem entender, como arrancar 19 dentes de todos os moradores de Pedreiras, no Maranhão – o que não aconteceu, pois se você recebe alguns milhões de reais para arranca-los mas não o faz, óbvio que você fica com o dinheiro.

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E isso vem acontecendo de forma sistemática no governo Bolsonaro: são bilhões retirados dos ministérios que foram alocados para robôs em escolas precárias, tratores superfaturados ou outras invenções mais. Literalmente retirando de bolsistas, de Universidades, de ações ambientais. Este é, sem sombra de dúvidas, o maior programa de corrupção da história.

Mas aí tem os idiotas, que estão com medo de comunismo, de fechamento de igrejas, de satanismo. Com o perdão da palavra, mas puta que o pariu…

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Como se vê, o eleitor estará diante de uma escolha muito fácil, mas o óbvio está sendo difícil de ser observado, pois muitos não sabem mais diferenciar a mentira da verdade. Para outros, basta alguém segurar a bíblia na mão que até pedofilia é perdoado. Tem ainda os hipócritas que agradecem pelo perdão bilionário no imposto de renda, casos de sertanejos, Neymar ou empresários como o velho da Havan.

Deveríamos apenas esperar que eleitores e candidatos entendam, em algum momento, é preciso acordar pra vida e ver que o cenário atual não é o melhor – longe disso. A escolha é incrivelmente óbvia, extremamente fácil. Até porque com um congresso e senado já bolsonaristas, mais quatro anos de Executivo com Jair seriam insustentáveis para o país.

A escolha no domingo será muito fácil. Claro, se você não for gado extremista, hipócrita, devedor de milhões no imposto de renda e/ou um descerebrado enganado.