26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro deve, debocha e brasileiro não merece esperar 100 anos pela verdade

Ao impor sigilos em provas que poderia inocentá-lo, Jair atesta culpa, mas emparelhado e com apoio vai seguir sina de corrupto e mentiroso

O então deputado federal Jair Bolsonaro venceu a eleição presidencial de 2018 se apresentando como o candidato que iria acabar com corrupção, mamata e toma lá da cá, além usar a Bíblia e (em especial) a passagem “conhecereis a verdade e ela vos libertará” (João, capítulo 8, versículo 32).

Nada mudou. Piorou até. E não foi por falta de aviso. Já dava pra saber (com provas testemunhais e materiais) que o capitão reformado era incompetente, bruto e mentiroso. E podemos falar sem receios: Bolsonaro não tem capacidade para o cargo que exerce, ignora o lado bom da Bíblia que tanto elogia só seguindo o ódio e parece ser alérgico à verdade.

Só não dá pra chamar de ladrão e corrupto ainda, sem temer um processo, porque Jair emparelhou instituições como o PF, PGR e com apoio de um Centrão rico e de um gado corno e fiel se mantém no cargo, ocultando provas e impondo todos os tipos de sigilo para as provas que poderiam inocentá-lo. E com deboche:

Jair Bolsonaro, com puro deboche no Twitter

O emparelhamento aconteceu, de forma resumida, da seguinte forma:

  • Na Polícia Federal, as investigações são tolhidas porque os delegados que chegam muito perto de Jair, família e aliados são punidos com uma transferência. Nos postos, assumem amigos de longa data dos filhos do presidente, suspeitos de corrupção;
  • Na PGR, temos Augusto Aras, um engavetador profissional, que simplesmente não encontra evidência nenhuma nos inquéritos que recebe, seja de Ministério Públicos, CPIs, PF ou notícias crime;
  • O Centrão está rico e no comando. “Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”? Isso é na eleição: hoje o presidente do Congresso, Arthur Lira, que jogou num triturador os mais de 100 pedidos de impeachment contra Jair, tem ao seu dispor e ao de seus deputados uma fortuna com orçamentos secretos. O caso dos kits de robótica em escolas de Alagoas que nem água tem já é mais do que evidente.
  • E o gado corno e fiel? Esse é o aloprado do “eu autorizo”, que pede intervenção militar em nome de um traidor que se relaciona com o pior das ações de milícias, assim como roubo de salários (rachadinha é um nome ameno para isso), agressões verbais (tirem as crianças da sala, pois Jair está falando) e uma política que empobreceu o Brasil e deu ao país um estigma de pária internacional.

São tantos os casos de corrupção, que até fica difícil de elencar.

Claro, ele os minimiza proclamando não haver corrupção em seu governo, apesar das candidatas laranjas, o esquema de tratores ou kits de robótica e tudo mais o que esconde o orçamento paralelo, a compra descarada de votos, o uso de cargo para favorecer empresários aliados em detrimento dos trabalhadores…

Isso sem falar da pandemia: Jair falava em 800 mortes, são mais de 660 mil e contando. Situação de risco que ele chamou de histeria ou de mimimi. O sofrimento do povo é uma coisa, o dele por comer camarão sem mastigar é outro.

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Como a CPI mostrou, seu governo está entalado até o pescoço no escândalo da Covaxin e da absurda demora ou mesmo recusa em comprar vacinas.

Ele jura de pés juntos que não foi e que nunca será vacinado. Apesar de manter 100 anos de sigilo em seu cartão de vacinação. E em prática semelhante, o GSI acabou de declarar o mesmo sigilo, por “questão de segurança”, para não divulgar o diálogo dos pastores que trocavam verbas do MEC por Bíblias customizadas ou um quilo de ouro, em uma gestão corrupta e passível de CPI.

O GSI negou divulgar o teor das conversas. Algo que poderia inocentar, livrar Jair Bolsonaro da responsabilidade ao menos neste caso. Mas assim como, tudo indica, mentiu ao ser vacinado e dizer que nunca vai (o que seria difícil de explicar pro gado corno e fiel caso sua vacinação fosse revelada), seria muito pior a evidência clara e concreta de que seu governo rouba.

Mas a realidade é essa: Bolsonaro está emparelhado e para algo acontecer com ele, só saindo da presidência. Talvez com a suspensão desses sigilos seja possível, diante de todas as provas e evidências, a gente poder chamar ele, sem dúvidas, de “corrupto, porra!”